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País tem 90 mil produtores orgânicos, segundo IBGE

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Por Redação
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Levados ao pé da letra, os números soam exagerados. Mas se forem considerados, por exemplo, como indicativos sobre que direção tomar para políticas de fomento, tornam-se valiosos. Trata-se da primeira depuração de estatísticas ligadas ao setor de orgânicos com base no Censo Agropecuário de 2006. Ou seja, do primeiro levantamento baseado em números oficiais, no caso, os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizador do censo. No censo de 2006, algumas perguntas relativas à produção orgânica foram inclusas no questionário, como, por exemplo, se o produtor utilizava ou não adubos químicos ou agrotóxicos e se ele tinha algum tipo de certificação orgânica.

Os resultados das respostas, contabilizados pelo Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD Orgânicos), estão no trabalho recém-concluído "Perfil do mercado orgânico brasileiro como processo de inclusão social". Vale lembrar que em 2006 a Lei dos Orgânicos, embora promulgada, ainda não estava regulamentada (o que ocorreu somente em dezembro de 2007) e, que, portanto, não era exigida por lei, como hoje, nenhuma certificação para agricultores que comercializassem produtos orgânicos.

Área. Os resultados mais grandiosos apontam que o País possuía, em 2006, 4,4 milhões de hectares ocupados com lavoura ou pecuária orgânicas (sem contar o extrativismo). Deste total, 517 mil hectares, ou 10,5%, eram certificados. Em relação aos estabelecimentos que se declararam orgânicos (certificados ou não), depurou-se o número de 90.498, sendo apenas 10,5% deste total certificado. Além disso, em 2006, o valor da produção orgânica no País foi de R$ 1,2 bilhão. Dentro deste número, lavouras temporárias representam R$ 478 milhões; lavouras permanentes, R$ 408 milhões; horticultura, R$ 144 milhões. O restante representa outras atividades. Entre os Estados, os que mais se destacam na produção orgânica são Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná, Piauí e São Paulo.

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O Piauí, aliás, surpreendeu, segundo o coordenador-executivo do Projeto Organics Brasil, Ming Liu, por possuir a maior área certificada entre todos os Estados: possuía, em 2006, 70.341 hectares certificados. Mas em relação à diversidade dos produtos certificados, o Paraná é campeão, com 49 atividades orgânicas.

Os números são expressivos sobretudo na pecuária, mas é sabido que em se tratando de pecuária orgânica, ainda há muito o que avançar no País. Segundo a pesquisa do IPD Orgânicos, a pecuária orgânica, sobretudo a criação de bovinos, representaria 65% da área total destinada à atividade orgânica no País. Entretanto, como explica o coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Rogério Dias, no Censo de 2006 os produtores declararam possuir animais criados organicamente, mas não necessariamente estes animais e seus produtos estariam diretamente voltados à comercialização.  "Pode ser a manutenção de um animal na propriedade para uso próprio, como coleta de esterco ou leite para a família", explica Dias. Daí, por exemplo, os números da Bahia, nos quais 33% da área de orgânicos corresponderiam à criação de bovinos para corte e ao cultivo do cacau. De todo modo, Dias comenta que foi este estudo o principal responsável para o adiamento, por um ano, da Lei dos Orgânicos, que entrou em vigor em janeiro deste ano. "Isso porque nós trabalhávamos com a base de 15 mil produtores orgânicos no País", diz Dias. "Aí os números do IBGE apontaram cerca de 90 mil produtores. Preferimos adiar a lei para tentar achar aonde estavam estes produtores, num número tão diferente do que tínhamos", explica.

De todo modo, ele acredita que enquanto não há estatísticas mais direcionadas e precisas sobre a produção orgânica no País, sobretudo a quantidade correta de produtores, que será revelada quando se concretizar o Cadastro Nacional dos Produtores Orgânicos - previsto na nova lei -, os números do IBGE servirão como base para várias políticas públicas.

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