América tenta unificar ação contra zika

Ministros da Saúde se reúnem na manhã desta quarta-feira em Montevidéu para trocar experiências e traçar plano contra doença

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Por Rodrigo Cavalheiro
Atualização:
O mosquito 'Aedes aegypti' é transmissor da zika, da dengue e da chikungunya Foto: USDA/Divulgação

MONTEVIDÉU - Ministros da Saúde de 15 países do continente americano terão uma reunião de urgência em Montevidéu nesta quarta-feira, 3, para atualizar o mapa da propagação do zika vírus, trocar experiências e reduzir diferenças que já causam tensões regionais. A declaração de emergência internacional feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na segunda-feira, 1º, em relação à microcefalia em bebês, potencialmente ligada à infecção de grávidas, reforçou a procura por uma tática conjunta. A Organização Panamericana para a Saúde prevê que o número de infectados na América fique entre 3 e 4 milhões este ano.

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As autoridades da área de saúde decidiram em menos de uma semana se encontrar em uma das sedes do Mercosul no Uruguai, um dos poucos países do continente sem a doença. Na semana passada, a OMS alertou que a enfermidade chegaria a toda a América, exceto a Chile e Canadá, onde não há mosquito Aedes aegypti. O inseto é o vetor não só da zika como da febre chikungunya e da dengue, doença que se tornou epidemia na Argentina. A reunião permitiria traçar um plano contra um alvo que transmite as três enfermidades.

A Casa Rosada confirma apenas uma infectada por zika, uma colombiana que vive em Buenos Aires e adquiriu o vírus em seu país. Nesta terça-feira, autoridades da Província de Corrientes divulgaram um caso semelhante, de um estudante de medicina brasileiro que vive em Santo Tomé, na fronteira com o Rio Grande do Sul. Ele teve o resultado do primeiro exame positivo depois de visitar a família em Mato Grosso e ainda espera confirmação, segundo a agência DyN. 

A movimentação de viajantes por países em que o zika tornou-se uma ameaça sanitária, com Brasil e Colômbia adiante, é a principal preocupação de regiões em que os casos ainda são isolados. "É provável que turistas que visitaram o Brasil regressem com a doença. Resta saber se será em número suficiente para causar um brote na Argentina", afirmou na noite de segunda-feira o ministro de Saúde argentino, Jorge Lemus, em entrevista ao canal TN. Outra preocupação é a forma de contágio. Segundo a agência EFE, foi confirmado nesta terça-feira que um americano que teve relações sexuais com uma pessoa infectada contraiu o vírus.

As autoridades sanitárias se encontrarão nesta quarta por três horas para afinar estratégias de combate ao mosquito. O governo colombiano reclama abertamente da atitude dos venezuelanos. "Infelizmente, não temos ações unificadas com a Venezuela. Não temos comunicação entre os dois países. A zona da fronteira - Cúcuta e arredores - é uma das mais afetadas", disse ao Estado o ministro da saúde colombiano, Alejandro Gaviria, que chegou na terça à capital uruguaia. Ele acusa Caracas de subdimensionar a propagação do zika - o número oficial é de 4.500 casos. O governo venezuelano promete fumigação massiva de inseticida em todo o território.

Com 20 mil casos confirmados de infecção por zika, entre os quais 2,1 mil grávidas, a Colômbia é, depois do Brasil, o país mais atingido da América Latina. Segundo o ministério da Saúde colombiano, não há nenhum caso de microcefalia ligado ao vírus, por uma questão de ritmo de avanço da doença. Ela só foi detectada no país em 16 de outubro, razão pela qual o governo projeta o nascimento de pelo 500 crianças com microcefalia e 500 casos de Síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisia e também foi associada ao vírus em razão do aumento repentino do número de diagnósticos.