Bahia registra primeiro caso de coronavírus; é o nono confirmado no país

Paciente é uma mulher de 34 anos, residente na cidade de Feira de Santana, que retornou da Itália em 25 de fevereiro, com passagens por Milão e Roma. Caso é o primeiro do Nordeste

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Foto do author Julia Lindner
Por Sandy Oliveira , Julia Lindner e Fernanda Santana
Atualização:

SÃO PAULO , BRASÍLIA E SALVADOR - A Bahia confirmou o primeiro caso de coronavírus no estado. Em nota, a secretaria estadual da Saúde informa que trata-se de uma mulher de 34 anos, residente na cidade de Feira de Santana, que retornou da Itália em 25 de fevereiro, com passagens por Milão e Roma. É o primeiro caso confirmado da doença no Nordeste. 

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Em nota divulgada no final da manhã, o Ministério da Saúde confirmou esse como sendo o nono caso da doença no país. De acordo com o governo da Bahia, o primeiro atendimento e as amostras foram coletadas em um hospital particular da capital baiana, sendo enviadas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, que é a referência nacional do Ministério da Saúde. O resultado laboratorial confirmando o diagnóstico foi concluído hoje. 

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Nove casos são confirmados no país. O último caso foi registrado na Bahia; Foto: Juan Ignacio Roncoroni / EFE

De acordo com o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, "trata-se de um caso importado. A paciente contaminou-se na Europa e veio manifestar os sintomas depois de ter chegado ao Brasil. Isso é diferente de haver uma contaminação interna no estado e, portanto, todas as medidas de contenção para garantir que não houve a contaminação de outras pessoas foram e estão sendo tomadas pela vigilância estadual, municipal e Núcleo Regional de Saúde Leste", afirma o secretário. 

JoãoGabbardo dos Reis, secretário executivo do Ministério da Saúde Foto: Erasmo Salomao/MS

A paciente encontra-se em casa, na cidade de Feira de Santana, assintomática, com orientação de permanecer em isolamento, adotando as medidas de precaução de contato e respiratório. O monitoramento é realizado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA) em conjunto com a vigilância municipal de Feira de Santana.  

Dois familiares da paciente são monitorados e não apresentam sintomas da doença. O monitoramento do caso será realizado por ligação, feita diariamente, pela vigilância municipal de Feira de Santana, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA) e o Núcleo Regional de Saúde Leste. Os três serão questionados sobre se há sintomas e se houve alguma alteração no quadro de saúde, por exemplo. A paciente também receberá visitas diárias de profissionais de saúde.

Por enquanto, a secretaria de Saúde da Bahia afirma que não haverá mudança de protocolos. 

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A última atualização feita na plataforma do Ministério da Saúde mostra que a Bahia tem 23 casos suspeitos da doença. Nos demais estados, o cenário de casos suspeitos é: Piauí (1), Ceará (16), Rio Grande do Norte (4), Paraíba (4), Pernambuco (8), Alagoas (6) e Sergipe (2). O Maranhão não tem casos suspeitos. Com isso, o Nordeste tem 64 casos suspeitos do novo coronavírus. 

O número de casos suspeitos da doença no país subiu de 531 para 636 de quarta para quinta-feira, no último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. Já foram descartadas 378 análises. Os Estados com mais casos suspeitos são: São Paulo (182), Rio Grande do Sul (104), Minas Gerais (80) e Rio de Janeiro (79).

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esteve com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, para falar sobre a situação da doença no Brasil. Bolsonaro embarca neste sábado, 7, para os Estados Unidos, onde ficará até a próxima quarta-feira, 11.

"Sempre quando temos essas mudanças de nível, eu sempre deixo o presidente a par. Ele está no comando de todos os ministérios. E (são) as mesmas orientações que ele meu deu no início, converse com a população, transparência total nos dados, vamos transmitir calma para a população", disse o ministro após o encontro.

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Mandetta contou que apresentou ao presidente preocupações “típicas” da pasta, como a alta de preço para compra de máscaras para proteção. Ele também voltou a dizer que a transmissão da doença é diferente da comunitária ou sustentada, ou seja, não é massiva. Para Mandetta, "o mundo não pode parar" por causa do coronavírus. "O que precisa é ter cautela, precaução, cuidados, mas nada que seja intransponível", defendeu.

Casos de coronavírus no Brasil 

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O primeiro caso: homem de 61 anos

Na noite da terça-feira, 25, o Brasil confirmou o primeiro caso de coronavírus. Trata-se de um homem de 61 anos, residente em São Paulo e com histórico de viagens para a Itália, país que vive um surto da doença. Ele apresentou sinais brandos do vírus e foi orientado a permanecer em isolamento domiciliar.

O segundo caso: funcionário da XP

O segundo caso do Brasil foi confirmado no sábado, 29, e o paciente também havia retornado da Itália para a cidade de São Paulo. O infectado é um homem de 32 anos que procurou o Hospital Israelita Albert Einstein (assim como o primeiro caso) para atendimento. Ele havia viajado a Milão e apresentou tosse, dor de garganta e dor de cabeça. Seu quadro foi considerado leve e estável e o homem também foi orientado a permanecer em casa.

O homem é funcionário da XP Investimentos. Em uma medida preventiva, a XP  recomendou aos colaboradores que estiveram em algum país da chamada “zona de risco” nas últimas duas semanas que trabalhem de casa por pelo menos 14 dias.

O terceiro caso: colombiano vindo da Europa

A confirmação do terceiro caso veio nesta quarta-feira, 4. O terceiro paciente confirmado com a doença é um administrador de empresas colombiano, de 46 anos, que vive na cidade de São Paulo e que viajou ao exterior ao longo do mês de fevereiro. Ele foi à Espanha no dia 9 de fevereiro e passou pela Itália, Áustria e Alemanha antes de retornar à capital paulista, em 29 de fevereiro. Com tosse, dor de gargante e cabeça, ele procurou o Hospital Israelita Albert Einstein nesta quarta-feira, 4, onde o teste foi realizado e a confirmação ocorreu. 

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O quarto caso: adolescente assintomática

O quarto caso confirmado de coronavírus no Brasil foi de uma adolescente de 13 anos que retornou de viagem da Itália para São Paulo. A confirmação ocorreu nesta quinta-feira, 5. A jovem, que esteve na Itália - país que registra elevado número de casos da doença - e voltou ao Brasil no domingo, dia 1º, foi atendida no Hospital Beneficiência Portuguesa, em São Paulo, na terça-feira, 3. As amostras coletadas foram encaminhadas ao Laboratório Fleury. O resultado do exame foi positivo. A contraprova foi realizada pelo Instituto Adolfo Lutz, que confirmou a infecção pelo vírus. 

O caso da jovem também é o primeiro com paciente que não apresentou sintomas. Clínico e infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Olzon explica que, no caso de doenças infecciosas, é possível que pacientes não apresentem sintomas. Ela é estudante do colégio Bandeirantes, na zona sul de São Paulo. A escola, uma das mais tradicionais da capital, enviou comunicado aos pais para tranquilizar sobre a situação. A estudante não frequentou as aulas desde que voltou de viagem da Itália. 

Quinto e sexto casos: duas transmissões locais

Quatro outros casos também tiveram confirmação nesta quinta: mais dois em São Paulo, totalizando seis no Estado, um no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo. Os dois novos casos de São Paulo foram os primeiros caracterizados como de transmissão local, ou seja, a infecção ocorreu em território brasileiro. 

As pessoas infectadas dentro do País têm relação com o primeiro caso confirmado, de um homem de 61 anos, e são do sexo feminino. A primeira pegou a infecção por contato com o homem durante reunião de cerca de 30 pessoas. Na sequência, ela transmitiu a doença para a outra paciente. Não há detalhes ainda sobre a evolução clínica do primeiro paciente diagnosticada no Brasil. Sabe-se que ele continua com sintomas e está em casa.

Sétimo e oitavo casos: Rio e Espírito Santo

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O caso do Rio é de uma mulher brasileira de 27 anos que mora em Barra Mansa e esteve na Europa, passando por Itália e Alemanha entre 9 e 23 de fevereiro. Ela apresentou sintomas no dia 17 de fevereiro (tosse, coriza e falta de ar) e buscou atendimento médico no Brasil em 2 de março, segundo o ministério. O caso do Espírito Santo é de uma mulher de 37 anos.

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