Campanha vai além do outubro rosa e quer prevenção ao câncer o ano inteiro

Criado para o Hospital de Câncer de Barretos, projeto alerta para os seis tipos da doença que são mais fáceis de prevenir e reverte verba para ações

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Por Giovana Girardi
Atualização:

SÃO PAULO - O outubro rosa vai terminando e devem ser poucas as pessoas no País que não relacionem o mês e a cor à prevenção do câncer de mama. Mas a bem-sucedida associação para fins de conscientização tende a durar só enquanto o mês vigora. E se ela pudesse continuar o ano inteiro e também valesse para outros tipos de câncer que podem ser prevenidos? Quantas mortes poderiam ser evitadas?

Selos da campanha "Unidos pela Prevenção" destacam as cores e os tipos de câncer que são mais fáceis de fazer a prevenção Foto: Divulgação

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A resposta para essa segunda pergunta ainda não está clara, mas as indagações levaram o Hospital de Câncer de Barretos, no interior de São Paulo, e a empresa de estratégias de marcas Cross Networking a bolarem a campanha permanente “Unidos pela Prevenção” para alertar para a importância do diagnóstico precoce ao longo de todo o ano. E não apenas para o câncer de mama, mas também para outras formas da doença que têm uma maior incidência na população e que podem ser prevenidas.

As cores e os meses continuam sendo chamarizes para ações pontuais. Assim teremos outubro rosa contra o câncer de mama, novembro azul de atenção para o câncer de próstata; dezembro laranja para o de pele; janeiro roxo/lilás para o combate ao câncer de colo de útero; março azul-marinho para o câncer de intestino; e julho verde para o câncer de boca, cabeça e pescoço. Mas a ideia é que empresas parceiras que participem da campanha vendam produtos ligados a ela o ano inteiro e que um porcentual dos lucros seja revertido para as iniciativas de prevenção do hospital.

O projeto começou a nascer no ano passado quando Tatianna Oliva, sócia e diretora-geral da Cross Networking, foi convidada pelo hospital para ser madrinha do outubro rosa no ano passado.

“Já era uma campanha consolidada, mas perguntei o que eles precisavam de verdade e eles disseram que era preciso falar ainda mais de prevenção, para que as pessoas identifiquem o problema no começo, tanto porque a chance de cura é maior quanto o custo é menor”, conta Tatianna.

Sua agência já era especializada em casar marcas por meio de parcerias estratégicas. Daí surgiu o plano de engajar o maior número de marcas possível, tanto nacionais quanto locais, de varejo e de serviços, para que elas vendam produtos relacionados a cada um desses seis tipos de câncer. Para este outubro rosa foram envolvidas redes como Cacau Show e Graal. Para os outros meses, novas parcerias estão sendo fechadas. 

Precoce. De acordo com Raphael Haikel Junior, diretor de prevenção do Hospital de Câncer de Barretos, esses seis tipos são os mais passíveis de detecção precoce e de prevenção.

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“Foram, na verdade, os tumores que escolheram a campanha e não nós que escolhemos eles, pela forma como se comportam biologicamente. Eles têm uma história de desenvolvimento mais lenta, um período em que é possível diagnosticá-los antes de causarem alguma sintoma clínico”, explica.

O objetivo é que a verba extra possa ajudar a alimentar as carretas de prevenção do hospital que rodam o País levando exames para as populações que menos têm acesso a atendimento médico.

Segundo ele, a grande mobilização que o hospital vem observando com anos de “outubro rosa” ainda se traduz mais nas pessoas “ficando espertas” para o problema do que necessariamente procurando exames preventivos. “O número de exames aumenta, mas ainda é menos do que a mobilização que vemos, mas já é muito bom, porque serve de lembrete”, diz.

E isso só em outubro. Se os lembretes ficarem disponíveis no ano inteiro, ele acredita que o ganho para a saúde vá ser muito maior. Para a campanha, foram criados selos para cada especialidade, com o nome do hospital e tags informativas explicando que parte da renda vai para lá.

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“Acho que hoje o outubro rosa virou uma coisa enorme, comercial, em que um monte de gente usa, mas a verba não reverte para ninguém, às vezes nem mesmo fala do autoexame. Aqui estamos trazendo a chancela do hospital”, afirma Tatianna.

Segundo Larissa Mello, coordenadora de campanhas do hospital, até então a relação deles com o outubro rosa era na base de parcerias aleatórias. “As empresas nos procuravam para conciliar marcas nossas com marcas deles, mas não havia uma busca por nossa parte”, afirma. A nova campanha inverte esse movimento.

Ela afirma que com essas parcerias e doações, o hospital vinha arrecadando de R$ 200 mil a R$ 300 mil a cada outubro rosa. Com a nova campanha, ela espera que isso cresça e se repita nos próximos meses. “Nossa expectativa para este ano é que a arrecadação dobre até o final do mês. E que continue entrando algo a mais ao longo do ano.”

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É ainda pouco perto do gasto que o hospital tem, mas já ajuda. Larissa afirma que com as carretas de prevenção e unidades fixas em algumas cidades do interior, o hospital gastou, no ano passado, em torno de R$ 12,7 milhões, com um déficit mensal em torno de R$ 1 milhão.

“Mas se conseguirmos um maior número de pessoas fazendo prevenção, o custo para tratamento diminui drasticamente, e chance de cura aumenta. É essa conta que a gente faz. Conseguindo conscientizar mais pessoas, vamos diminuir o custo do hospital a longo prazo.”

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