SÃO PAULO - Os casos de caxumba continuam crescendo no Estado de São Paulo e atingiram 4.193 registros (13,4 por dia, em média), maior número de toda a série histórica, iniciada em 2001, segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). O número se refere ao período de janeiro até 8 de novembro. No ano de 2007, recordista até então, foram registrados 3.426 casos. Em todo o ano passado foram 707 registros.
Transmitida por meio de gotículas de saliva, em espirros, tosse ou talheres contaminados, a doença se caracteriza pelo inchaço no pescoço, em um ou ambos os lados, e pode demorar até 25 dias para começar a se manifestar. Isso que faz com que muitas pessoas nem saibam que estão com o vírus. Os sintomas iniciais são febre, dor de cabeça e dor no corpo, que podem ser confundidos com um resfriado.
“É difícil as pessoas se lembrarem que tiveram o contato com uma pessoa com caxumba. A transmissão se dá pelo contato próximo entre as pessoas e muitas não se dão conta que estão com a doença até começar o inchaço nas parótidas (glândulas que produzem a saliva e ficam na região do pescoço)”, diz Renato Walch, especialista da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Inchaço. No mês passado, o filho de 16 anos da empresária Maria Augusta Ramos Barros Silva, de 43 anos, foi diagnosticado com caxumba e passou 11 dias afastado da escola. “Como ele tomou a vacina, achei que não ia pegar, mas ficou bem doente. Teve febre, muita dor e não conseguia mastigar. Os dois lados (do pescoço) ficaram inchados.” O inchaço ocorre em 90% dos casos e a duração dos sintomas é de até dez dias. A recomendação é tomar antitérmico e fazer repouso.”
A melhor prevenção é a imunização. “A vacina deve ser tomada em duas doses. Uma entre 12 e 15 meses e a outra na adolescência”, afirma Walch.
SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA:
1 - O que é a caxumba?
É uma doença viral e altamente contagiosa transmitida por gotículas de saliva ou por contato com a saliva contaminada, como em talheres ou por beijo.
2 - Quais são os sintomas?
O mais conhecido é o inchaço nas glândulas salivares, principalmente as parótidas. Os pacientes podem ter febre, náuseas, dor no corpo e dor de cabeça. Mas 30% a 40% das pessoas não apresentam sintomas.
3 - Como é feito o diagnóstico?
Os sintomas ajudam no diagnóstico, mas exames como sorologia e ultrassonografia são indicados para confirmar a contaminação.
4 - Qual é o período de incubação?
Em geral, o período de incubação é de 16 a 18 dias, mas há casos em que pode chegar a 25 dias.
5 - É uma doença contagiosa?
Sim. A caxumba pode ser facilmente transmitida por gotículas de saliva e uma pessoa contaminada pode passar o vírus mesmo antes de começar a manifestar os sintomas.
6 - Por que os homens costumam ficar mais preocupados com a doença?
Fala-se que a "caxumba pode descer" em homens, que é quando há uma inflamação nos testículos. Essa consequência da caxumba costuma ser bastante incômoda por causar aumento da bolsa escrotal e dor na região. Geralmente, é necessário utilizar um tipo de suspensório com tecido médico para segurar os testículos. Em 5% dos casos, o homem pode apresentar infertilidade após ter a doença. É raro que esse tipo de inflamação ocorra nos ovários, no caso das mulheres.
7 - Quais são as complicações que os pacientes podem ter?
Em alguns casos, o paciente pode evoluir para quadros de meningite, encefalite e pancreatite.
8- Como é feito o tratamento?
Como não há medicação específica para a doença, as recomendações são repouso e hidratação. Os médicos costumam receitar analgésicos e anti-inflamatórios.
9 - Quais cuidados devem ser tomados para evitar a contaminação de outras pessoas?
É fundamental não ir ao trabalho, à escola e demais locais públicos após receber o diagnóstico. O paciente não deve compartilhar talheres, pratos e copos, e deve lavar as mãos.
10 - Como evitar a contaminação com o vírus?
A principal recomendação é tomar a vacina. São necessárias duas doses para ter a imunização completa. Também é importante evitar locais com aglomeração.
Fontes: Graziella Hanna Pereira, infectologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos; Ralcyon Teixeira, médico infectologista e supervisor do pronto-socorro do Emílio Ribas; Raquel Muarrek, infectologista do Hospital Leforte; Ministério da Saúde