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Cigarro fora da conveniência

Será que retirar os cigarros das prateleiras das lojas de conveniência pode diminuir o consumo do tabaco? Na última semana, uma das maiores cadeias de drugstores (farmácias que vendem artigos diversos) dos Estados Unidos, a CVS, anunciou que, um ano após a interrupção da comercialização dos maços em suas lojas, houve uma redução de 1% na venda geral de cigarro nos 13 Estados onde sua participação no mercado é considerável.

Por Jairo Bauer
Atualização:

Para grupos antitabagistas, o resultado é impactante e outras redes deveriam adotar a mesma política. Por outro lado, especialistas dizem que a CVS não deveria receber todo o crédito, já que o país vem experimentando uma redução no consumo de cigarro nos últimos anos. A reportagem saiu no jornal Washington Post.

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Hoje, nos EUA, cerca de 18% da população (42 milhões de pessoas) ainda fuma. Segundo os Centros de Controle de Doenças (CDC), são mais de 480 mil as mortes por ano relacionadas ao cigarro, que segue como a principal causa de doença e morte por fatores que podem ser prevenidos. Em 2014, os norte-americanos compraram 40 milhões de maços de cigarro por dia. Em 2000, eram cerca de 60 milhões.

No Brasil, dados recentes mostram que pouco mais de 10% da população fuma, com redução importante do comportamento nas últimas décadas. Mesmo assim, são mais de 20 milhões de brasileiros sujeitos aos efeitos nocivos.

A CVS divulgou dados de uma pesquisa em que compara 13 Estados norte-americanos onde ela possui mais de 15% de participação nas vendas de artigos farmacêuticos e afins com outros 3 Estados onde não está presente. Em média, nos Estados onde a rede ocupa boa parte do mercado, a queda na venda de cigarro em diversos estabelecimentos (quiosques, postos de gasolina, lojas 24 horas, entre outros) foi de 1% nos últimos 12 meses (período que coincide com a interrupção da comercialização em suas lojas). O mesmo resultado não foi encontrado nos Estados onde a cadeia não opera.

Além de proibir, por meio de leis e regulamentações, o fumo em locais fechados de uso coletivo, a estratégia de restringir a venda de cigarro em uma gama de estabelecimentos comerciais é considerada uma medida adicional para redução de consumo. Segundo especialistas em prevenção, tornar mais difícil a aquisição dos maços pode fazer com que mais gente reavalie seu hábito e pense em abandonar o cigarro.

O que faria um fumante se, no meio da noite, lojas de conveniência de postos de gasolina, supermercados, padarias e estabelecimentos comerciais que ficam abertos por período estendido não vendessem cigarro? Se o resultado dessa pesquisa reflete mesmo o impacto que o banimento em uma grande rede pode ter no consumo do cigarro, parece que muitos fumantes, em vez de procurarem por lojas onde a venda ainda ocorre, estão repensando o hábito de fumar. Nesse sentido, se mais estabelecimentos adotassem a mesma postura, o resultado poderia ser ampliado.

Câmpus sem tabaco. Em agosto, o programa do câmpus livre de cigarro da Universidade George Washington (GWU), nos EUA, completou dois anos. O projeto, em vigência em mais de mil institutos e faculdades da GWU, proíbe o fumo não apenas nos prédios, mas também nos espaços abertos e áreas adjacentes à universidade. Além disso, a GWU cobre custos com acompanhamento e tratamento para alunos, professores e funcionários que optam por parar de fumar, pagando medicamentos e terapias de reposição de nicotina.

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Com menos áreas convidativas para se fumar, menos lojas e estabelecimentos vendendo cigarros e, com a oferta gratuita de serviços e recursos para quem quer largar o hábito, cria-se uma tríade importante de políticas de combate ao tabagismo, que, com outras medidas, pode impactar ainda mais na redução do numero de fumantes. Que tal?

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