O cientista Ian Wilmut, que criou a ovelha Dolly, deixará a clonagem de lado para se concentrar em uma nova técnica revolucionária que permite criar células-tronco sem usar embriões, afirmou na edição deste sábado, 17, do jornal The Daily Telegraph. Segundo a publicação britânica, o professor Wilmut abandonará o método da clonagem para encontrar outra forma de curar doenças, como o Mal de Parkinson. O cientista da Universidade de Edimburgo (Escócia) acredita que um procedimento desenvolvido no Japão oferece uma melhor opção de desenvolver as células do próprio paciente para tratar doenças como acidentes vasculares e problemas cardíacos. Ao contrário das atuais pesquisas com células-tronco, a nova técnica não precisa do uso de embriões humanos. Nos últimos dez anos, os cientistas vêm sofrendo fortes críticas de grupos religiosos e organizações "pró-vida", devido à necessidade de utilizar embriões para gerar células-tronco. O presidente americano, George W. Bush, proibiu o uso de dinheiro público nos Estados Unidos para pesquisas deste tipo. De acordo com o jornal britânico, a decisão de Wilmut pode pôr fim à clonagem terapêutica, uma área de pesquisa muito importante nos últimos anos e na qual se investiu muito dinheiro. "Decidi há algumas semanas não continuar com a transferência nuclear (o método utilizado para clonar a ovelha Dolly)", disse Wilmut, que acredita que "será mais fácil" que a nova técnica seja aceita socialmente. A equipe de Wilmut surpreendeu o mundo em 1997 quando apresentou Dolly, o primeiro animal a ser clonado com uma célula adulta. O cientista afirmou que se inspira em um trabalho do professor Shinya Yamanaka, da Universidade de Kioto, que investiga a criação de células-tronco de um paciente sem a necessidade de embriões. Em estudos anteriores, Yamanaka encontrou a maneira de criar células-tronco a partir de fragmentos de pele. O Daily Telegraph acrescentou que fontes da comunidade científica consideram que o professor japonês conseguiu fazer o mesmo com células humanas. Apesar de os detalhes desses estudos ainda não terem sido divulgados, o professor Wilmut os considerou "extremamente estimulantes e assombrosos", uma opinião compartilhada por outros especialistas. O prêmio Nobel de Medicina 2007, Martin Evans, disse que esta pesquisa "será a solução a longo prazo", e o professor Robin Lovell-Badge, do Instituto Nacional para a Pesquisa Médica de Mill Hill (norte de Londres), afirmou que o estudo será "o futuro".