Dengue no inverno e larvas apontam para nova epidemia

Surto pode chegar 3 meses antes do esperado; governo se reúne com prefeitos e arma estratégia para conter a doença em São Paulo

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - A ocorrência de casos de dengue no inverno em centenas de municípios paulistas e a presença de larvas do mosquito Aedes aegypti mesmo no período mais frio do ano indicam que o Estado de São Paulo poderá viver uma nova epidemia da doença no próximo verão, com explosão do número de doentes três meses antes do período esperado.

Dados apresentados nesta quinta-feira, 3, pela Secretaria Estadual da Saúde mostram que mais de 200 das 645 cidades paulistas estão registrando transmissão do vírus durante o inverno. Outro levantamento, que mostra o índice de infestação de larvas do mosquito Aedes aegypti em imóveis de 373 municípios, revelou que sete cidades já estão em situação de risco por causa da presença do vetor e outras 86, em condição de alerta.

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O quadro de infestação, feito com base em dados de julho deste ano, é similar ao observado no levantamento de outubro do ano passado, o que indica que a proliferação do mosquito está ocorrendo mesmo no período mais frio do ano.

“A elevação da infestação está se antecipando. Em um ano normal, a partir de janeiro ou fevereiro é que se inicia a elevação no número de casos. Com a infestação antecipada, temos o risco de o aumento de casos acontecer a partir de outubro, novembro”, disse Dalton Pereira da Fonseca Junior, superintendente da área de Controle de Endemias da secretaria.

Diante do quadro, a secretaria anunciou ontem que vai dobrar o número de agentes de combate à dengue, com a contratação temporária de 500 desses profissionais para atuar nos próximos três meses.

A pasta também realizou ontem uma reunião com mais de 350 prefeitos de cidades paulistas para apresentar o cenário de transmissão e definir estratégias de combate, como medidas de eliminação dos criadouros e capacitação de profissionais.

“(No último verão) todo mundo fez o que podia fazer e claramente não foi suficiente. Temos de fazer mais e melhor. Em razão das mortes, vamos aprimorar muito a capacitação, a formação dos profissionais de saúde, desde a atenção básica até o setor de emergência”, afirmou o secretário da Saúde, David Uip. Neste ano, o Estado de São Paulo bateu o recorde do número de mortos pela doença, com 372 óbitos.

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Tipo 2. Outro alerta feito pela secretaria aos prefeitos está relacionado ao aumento de casos do sorotipo 2 da dengue. Como o tipo predominante no Estado é o 1, a maioria das pessoas não está imune ao tipo 2. “Essa é uma preocupação ainda porque o novo sorotipo pode causar na população que já teve dengue formas mais graves da doença. Ribeirão Preto, que não teve epidemia no verão deste ano, pode ter uma epidemia de dengue tipo 2”, ressaltou Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde.

O município do interior paulista foi o que registrou o maior número de casos da doença em julho (86), seguido por Jales, Campinas, Presidente Prudente e São Paulo.

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