PUBLICIDADE

Ebola pode atingir 20 mil pessoas e vai custar R$ 1 bi para ser freado

Nesta quinta-feira, a OMS anunciou seu plano para o combate ao vírus que, por enquanto, fez 1,5 mil mortos e mais de 3 mil infectados

Por Jamil Chade
Atualização:
Paciente infectado pelo vírus é escoltado a hospital em Monróvia, na Libéria Foto: Zoom Dosso/AFP

" STYLE="FLOAT: LEFT; MARGIN: 10PX 10PX 10PX 0PX;

PUBLICIDADE

Atualizada às 22h17

GENEBRA - O surto do Ebola se acelera e o vírus pode infectar mais de 20 mil pessoas. E frear a doença vai custar mais de R$ 1 bilhão. Nesta quinta-feira, 28, em Genebra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou seu plano para o combate ao vírus que, por enquanto, fez 1,5 mil mortos e mais de 3 mil infectados. A meta é a de erradicar a doença em nove meses. 

Para isso, a entidade recomenda que governos usem até Exércitos e pede mais 1,5 mil leitos e 12 mil médicos em hospitais africanos. Os últimos dados revelam que a propagação da doença está ganhando força en Libéria, Guiné e Serra Leoa. Apesar de o Ebola ter sido registrado no início do ano, 40% de todos os casos ocorreram apenas nas últimas três semanas. 

“O Ebola continua a se proliferar de uma maneira alarmante, com países tendo sérias dificuldades”, diz o plano da OMS. “O surto continua grave e a transmissão está aumentando de uma forma substancial”, declarou. Para a OMS, essa realidade coloca um “sério risco para a segurança sanitária global”. 

Em regiões já afetadas, a previsão é de que o número real de casos seja até quatro vezes superior ao que se tem registrado. Mas os números finais podem rapidamente chegar a 20 mil. “Os números superam qualquer marco histórico e o que estamos vendo é uma aceleração do volume de pessoas contaminadas, até em capitais e portos”, declarou Bruce Aylward, diretor adjunto da OMS. “O que está ocorrendo é único. Nunca vimos isso, com surtos em múltiplos lugares e em grandes cidades. Não é mais um problema africano, é uma questão de segurança mundial.”

Para o especialista, “o mundo está diante de uma das emergências sanitárias mais difíceis e mais complexas dos últimos anos”. Em maio, a OMS chegou a declarar a situação sob controle. Hoje, admite que subestimou o problema. 

Publicidade

Agora, a entidade elaborou uma estratégia para que os países afetados possam implementar em todo seu território as medidas para evitar a contaminação. A entidade ainda sugere que governos criem mecanismos para responder de forma imediata a cada novo caso, isolando os infectados. Outra medida é ainda a de fortalecer a capacidade do serviço de saúde, principalmente de áreas onde existe uma intensa transmissão e centros de transporte. 

Para a OMS, o uso das Forças Armadas também deve ser considerado. “Onde necessário, autoridades nacionais precisam planejar e deslocar serviços de segurança para garantir a segurança física das instalações sanitárias”, indicou. “Dogmas terão de ser quebrados”, declarou o representante da OMS.

A segurança especial precisa ser garantida em centros de atendimento e de isolamento, laboratórios e até em enterros. A OMS sugere que médicos recebam proteção especial e centros esvaziados sempre que seja necessário.

Metas. Com todas essas medidas, a primeira meta é a de reverter a tendência das transmissões nos próximos três meses nos locais mais afetados, além de parar a proliferação em capitais e portos. O objetivo é ainda acabar com toda transmissão residual entre 6 e 9 meses. 

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Outra meta é a de impedir a proliferação de casos em novos países, oito semanas depois que um eventual primeiro caso seja detectado. Para isso, a OMS admite que o oeste da África e a comunidade internacional terão de investir US$ 490 milhões em laboratórios, médicos e infraestrutura. 

Segundo o plano, será necessário uma resposta internacional “massiva” para ajudar os países afetados. Hoje, o Ebola está justamente em alguns dos países mais pobres do mundo, como Serra Leoa e Libéria. Para conseguir conter a doença, esses locais precisarão de 1,5 mil novos leitos em seus hospitais. 

O problema, segundo a OMS, é que “esse dinheiro não existe” nos países africanos afetados. “Vamos precisar de uma mobilização global. A operação vai custar caro”, admitiu Bruce Aylward. Segundo ele, só a ponte aérea para atender as pessoas nos locais afetados custará US$ 15 milhões, além de outros US$ 60 milhões para o trabalho da OMS. A organização estima que a operação necessitará de 12 mil médicos locais e mais de 750 especialistas estrangeiros.

Publicidade

A OMS também pede um treinamento imediato dos médicos, apela para que governos paguem os salários atrasados e garantam equipamentos. Para a comunidade internacional, o apelo é para que governos façam doações para financiar esses programas na África. 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.