Em crise financeira, hospital da USP limita atendimento pediátrico

Com apenas um especialista, pronto-socorro infantil passa a funcionar só das 7h às 19h; sindicato exige novas contratações

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Por Adriana Ferraz
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A crise na instituição teve início em 2014, quando o corpo clínico do hospital começou a ser reduzido Foto: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO

SÃO PAULO - O pronto-socorro infantil do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), no câmpus Butantã, zona oeste da capital, passou a abrir as portas somente durante o dia, entre 7 e 19 horas. Após esse período não são mais distribuídas senhas e apenas casos emergenciais são atendidos no local. A limitação é decorrente do déficit de especialistas provocado pelo Programa de Demissão Voluntária (PDV) e pela suspensão de novas contratações na instituição em função da crise financeira.

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De acordo com a Superintendência do HU, os usuários são orientados a procurar as unidades da rede municipal que dispõem de pediatras - uma listagem com nomes e endereços tem sido entregue aos pais. Atualmente, somente um especialista faz plantão na unidade, o que teria levado a direção do hospital a decidir pela restrição no horário de atendimento, em vigor desde o dia 20 deste mês.

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), que nesta segunda-feira realizou assembleia com os funcionários para discutir a situação do PS, exige a contratação imediata de médicos, enfermeiros e técnicos em número suficiente para que o serviço volte a funcionar, com qualidade, durante todo o dia.

“A falta de médicos está criando uma condição de trabalho insustentável para aqueles que tentam manter o atendimento à população. Chegamos ao ponto de termos médicos que pedem demissão espontaneamente por causa disso”, diz, em nota, o diretor do sindicato, Gerson Salvador. A entidade informou que enviará um documento sobre a precariedade do sistema para a reitoria da USP.

Crise. A crise na instituição teve início em 2014, quando o corpo clínico do hospital começou a ser reduzido. Segundo o Simesp, 213 profissionais aderiram ao PDV desde então, prejudicando o atendimento à população que depende do HU. O efetivo dispensado equivale a 12% do quadro de funcionários. O primeiro grupo saiu em fevereiro e o segundo, agora em abril.

A restrição iniciada na semana passada sobrecarrega ainda os demais serviços de saúde infantis - a procura por pediatras aumentou com o surto de H1N1 tanto na rede pública como na particular. Em ambas, a espera por uma consulta com pediatra chega a levar cinco horas.

“O corpo clínico do pronto-socorro do HU precisa ser reconstituído com urgência, pois todos os PSs já estão com sobrecarga no atendimento, tornando impossível absorver essa população, que estará desamparada, e garantir a qualidade na assistência à saúde”, afirma o diretor do Simesp.

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Clínico. No pronto-socorro adulto também há restrição de atendimento pelo mesmo motivo. O PDV não impôs um limite de horário, mas de consultas. Os médicos que ficaram não dão conta de atender os pacientes e, por isso, os considerados de menor gravidade são encaminhados para a rede pública, a exemplo do que passou a acontecer com as crianças. A unidade, portanto, prioriza apenas casos de urgência e emergência.

Outra consequência da crise é o fechamento de leitos. Ao menos oito foram desativados neste ano. Por enquanto não há previsão de reposição das vagas.

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