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Erradicação da malária está mais próxima, dizem especialistas

Doença infecta cerca de 500 milhões de pessoas por ano e mata quase um milhão em todo o mundo

Por Jonathan Lynn
Atualização:

Novas iniciativas e um maior financiamento para combater a malária tornaram mais próxima a meta de erradicação da doença letal, afirmaram especialistas nesta sexta-feira, 24. Acabar com a malária no mundo poderia levar décadas, mas muitos países onde ela é endêmica estão prestes a eliminar a doença, que infecta cerca de 500 milhões de pessoas por ano e mata quase um milhão em todo o mundo, segundo os especialistas. "A previsão de conseguir a erradicação em uma série de países está certamente próxima", disse Rifat Atun, diretor de estratégias do Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculose e Malária, uma instituição de financiamento internacional. A maioria das vítimas da malária é formada por crianças abaixo de 5 anos e por grávidas. Aproximadamente 90 por cento das mortes ocorrem na África, onde a malária é a causa de uma em cada cinco mortes infantis. A meta de erradicação da malária - doença causada por um parasita transmitido pela picada de um mosquito - deverá ser alcançada até 2050 ou 2060, disse Richard Feachem, presidente do Grupo de Eliminação da Malária. Atualmente ela é endêmica em apenas cerca de metade dos países do mundo, após ter sido eliminada em locais como o Canadá e a Finlândia desde 1945, afirmou ele em uma entrevista coletiva, para o lançamento de dois relatórios do grupo dirigidos a especialistas em saúde pública e responsáveis por políticas de saúde.

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México, África do Sul e China

Um dos relatórios concentra-se na erradicação da malária em países como México, África do Sul e China, às margens de áreas tropicais onde a doença é endêmica.

Feachem afirmou que a estratégia inclui o controle agressivo nas áreas centrais a fim de reduzir o número de infecções e mortes, a eliminação a partir das fronteiras país a país, e pesquisa em drogas, vacinas e inseticidas.

Ele afirmou que os países poderiam aprender com as regras rigorosas impostas em Cingapura. A cidade-Estado tropical considera ilegal que construtoras permitam que as obras em andamento tenham mosquitos transmissores da malária e torna os indivíduos responsáveis por evitar água parada em suas residências.

"Num país onde o ambiente legislativo e político permite, a legislação pode exercer um papel importante, exigindo que os proprietários façam determinadas coisas", disse ele.

O combate à malária assume formas diversas -- a dedetização de focos e residências para acabar com os mosquitos, o uso de medicamentos para tratar pessoas infectadas e o desenvolvimento de uma vacina para evitar a infecção.

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Tais tratamentos são levados à população dos países mais pobres do mundo por organizações internacionais e grupos privados como a Fundação Bill e Melinda Gates, comprando medicamentos da indústria farmacêutica a preços especiais.

Alguns métodos, no entanto, são polêmicos. O pesticida DDT salvou milhões de vidas contra a malária, mas a preocupação de que o uso intenso na agricultura possa espalhar o câncer levou à sua proibição em muitos países.

Tratamentos novos como um medicamento desenvolvido pela farmacêutica suíça Novartis, usando artemisinina, substância derivada de uma erva utilizada na medicina tradicional chinesa, estão reduzindo o número de mortes e infecções, disse Chris Hentschel, do Medicines for Malaria Venture.

O tratamento, administrado em 57 milhões de pessoas no ano passado, salvou 500 mil vidas no último ano. Cerca de 50 novos projetos de medicamentos estão aguardando aprovação, disse Hentschel.

A GlaxoSmithKline está prestes a iniciar ensaios clínicos de uma vacina em um teste envolvendo 16 mil crianças em sete países da África. A vacina pode chegar ao mercado em três anos, de acordo com a segunda maior fabricante de remédios do mundo.

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