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Estado confirma 3 casos de febre amarela na Grande SP, com 2 mortes

Até o último balanço oficial de 2017, não havia registro de infecções na região metropolitana

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou nesta sexta-feira, 5, pelo menos três casos de febre amarela registrados na região metropolitana de São Paulo. Dois pacientes morreram e uma está internada no Hospital das Clínicas, na capital. No último balanço da pasta, com casos reportados em 2017, não havia registro de infecções na Grande São Paulo. Os anteriores haviam sido relatados no interior paulista.

Parque do Horto. Espaço público continua fechado, mas a previsão é de que atividades sejam retomadas ainda este mês Foto: Alex Silva/Estadão

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Segundo Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da secretaria, nos três casos, o local provável de infecção foi Mairiporã, mas as vítimas não moravam na cidade. “Em Mairiporã, já temos mais de 90% dos munícipes vacinados. Esses casos foram de pessoas que viajaram para áreas de mata da cidade sem ter tomado a vacina”, disse ele ao Estado. Outros três casos possivelmente adquiridos na cidade da região metropolitana estão em investigação.

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Secretária de Saúde de Mairiporã, Grazielle Bertolini disse que ainda não recebeu do Estado a confirmação dos três casos. Mas ela explicou que a Prefeitura não tem controle sobre os casos em que o paciente, mesmo infectado na cidade, seja atendido no serviço de saúde de outro município, como nos registros citados por Boulos.

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Uma das infectadas, a engenheira Gabriela dos Santos Silva, de 27 anos, é moradora da zona oeste de São Paulo, mas esteve em região de mata em Mairiporã no fim do ano para trabalhar em uma obra. Ela não havia se vacinado. Segundo parentes, ela começou a apresentar os sintomas em 20 de dezembro, foi inicialmente diagnosticada com dengue e, após uma semana, teve piora, sendo internada em um hospital privado. “Ela teve uma hepatite fulminante provocada pela febre amarela e o único tratamento que a salvaria seria um transplante de fígado”, disse a tia da jovem, a professora universitária Cilene Victor, de 49 anos.

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Gabriela foi transferida para o Hospital das Clínicas no dia 28 e passou pelo transplante no dia seguinte, procedimento inédito para um quadro como o dela. Ela continua internada.

Os outros dois casos, segundo Boulos, são de pessoas que foram passar as festas de fim de ano em Mairiporã e se infectaram em regiões próximas de mata. “É importantíssimo que as pessoas se conscientizem de que, por mais que não morem em região de risco, têm de tomar a vacina, se forem viajar para esses locais”, alerta. Ele diz que a necessidade do imunizante vale não só para quem pretende ir a regiões de mata fechada, mas também para aqueles que passarão por parques ou condomínios próximos de mata, como os da Serra da Cantareira.

Histórico

Mairiporã já estava em alerta para a doença há um mês, quando foram confirmadas as mortes de 22 macacos por febre amarela. Na ocasião, porém, não havia caso suspeito em humanos. Em todo o Estado, foram 24 casos do vírus confirmados em 2017, dos quais dez evoluíram para óbito. Desde outubro, parques municipais e estaduais da capital onde foram achados macacos mortos, como o Horto, foram fechados como medida preventiva. 

Infecção leva a transplante inédito em todo o mundo

Um dos casos de febre amarela registrados na Grande São Paulo só não evoluiu para a rápida morte da paciente graças à realização de um procedimento inédito no mundo - feito pela equipe médica do Hospital das Clínicas.

Trata-se de um transplante de fígado em caso de hepatite fulminante provocada por febre amarela. Nessas situações, o órgão do paciente é atacado pelo vírus e entra em falência total em poucos dias. Foi o que aconteceu com a engenheira Gabriela dos Santos Silva, de 27 anos, infectada pela doença em uma viagem a Mairiporã.

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Especialistas de todo o mundo discutem há tempos a possibilidade da realização de um transplante para salvar o paciente nesses casos. Mas, até agora, não havia sido possível fazer o procedimento a tempo.

“Os casos de hepatite fulminante costumam chegar avançados ao hospital e é quase impossível encontrar um doador compatível a tempo. Estudo esse tema há muito tempo e é o primeiro caso que conheço no mundo em que o transplante foi possível”, afirmou Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

Segundo parentes, Gabriela estava em estado tão grave quando chegou ao Hospital das Clínicas que foi colocada como prioridade na lista de transplantes. “Ela foi internada no dia 28 de dezembro. No dia seguinte, encontraram um doador compatível. Era um jovem de Mato Grosso do Sul morto em um acidente de trânsito”, conta a tia dela, a professora universitária Cilene Victor, de 49 anos.

Preste atenção...

1. A Prefeitura de São Paulo ainda oferece vacinação preventiva contra a febre amarela em distritos das zonas oeste, sul e norte.

2. Desde abril, o governo brasileiro considera que uma dose do imunizante previne para a vida toda.

3. Quem não está vacinado deve evitar áreas de mata, com infestação clara por mosquitos ou que já tenham registro de macacos mortos. 

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Em 2017, País teve pior surto em 30 anos

Novo surto Em janeiro de 2017, o País teve a pior epidemia de febre amarela desde a década de 1980. Os casos se concentraram em Minas, em áreas rurais. 

São Paulo Nos últimos meses, o vírus tem se espalhado pelo Estado. Após a morte de macacos com a febre na região metropolitana, parques foram fechados na zona norte. 

Transmissão Todos os casos e mortes reportados neste último surto são de febre amarela silvestre. Desde 1942, o Brasil não tem transmissão urbana da doença.