Estados Unidos têm 1º caso de microcefalia ligado ao vírus zika

Governo do país confirmou que nove mulheres tiveram infecção pelo vírus, entre elas a que deu à luz o bebê com má-formação

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Por Giovana Girardi
Atualização:

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos relatou nesta sexta-feira, 26, o primeiro caso de bebê nascido com microcefalia naquele país. A mãe contraiu zika enquanto morava no Brasil. O caso faz parte de um estudo em que foram acompanhadas nove mulheres americanas grávidas que haviam viajado para nações onde o vírus circula.

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De acordo com o relatório divulgado pela agência, o bebê nasceu com microcefalia severa na 39.ª semana de gestação, com circunferência da cabeça de 27 centímetros. 

Entre as outras oito mulheres foram reportadas duas perdas espontâneas do feto no início da gravidez e dois abortos eletivos. Em um dos casos em que a mãe decidiu terminar a gravidez, exame de ultrassom na 20.ª semana tinha sugerido problemas no cérebro do feto. Exame posterior revelou severa atrofia do cérebro. Nestas cinco situações, as mulheres tiveram os sintomas de zika no primeiro trimestre da gestação.

Dois bebês nasceram aparentemente saudáveis, e as duas outras gestações continuavam sendo acompanhadas (uma na 18.ª semana e outra na 34.ª), mas seguiam sem complicações conhecidas. Segundo o CDC, todas elas tinham viajado ou para o Brasil ou para outros países em que a transmissão do zika é autóctone, como Samoa Americana, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Porto Rico e Samoa. 

Os dados eram referentes a um relatório entregue na semana passada com os nove casos. Há ainda outros dez casos de mulheres grávidas com zika que estão sob investigação.

Em entrevista coletiva à imprensa nos Estados Unidos, os pesquisadores do CDC demonstraram surpresa com o caso de microcefalia. “Nós não esperávamos ver anomalias cerebrais nesta série de casos tão pequena de grávidas americanas viajantes”, disse Denise Jamieson, especialista em defeitos fetais que está atuando na equipe do CDC para responder à ameaça do zika. Para ela, foi “um número maior do que o esperado”.

Vida no Brasil. Segundo o relatório, a mãe que teve o bebê com microcefalia severa deu à luz no final do ano passado. Ela tinha vivido no Brasil até a 12.ª semana de gestação e contou que tinha sentido febre, vermelhidão, dores nas articulações e dor de cabeça entre a 7.ª e a 8.ª semana de gestação. Testes sorológicos confirmaram que a mãe foi infectada por zika. Exames na placenta também mostraram a presença do vírus. 

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A avaliação do bebê constatou calcificações no cérebro. Ele apresenta dificuldade para engolir e convulsões, o que faz com que dependa de alimentação por tubo. 

O CDC aponta que, desde 1.º de agosto do ano passado, recebeu 257 pedidos de teste de zika em mulheres grávidas. A maioria delas (159) relatou sintomas consistentes com zika, mas exames laboratoriais conseguiram confirmar infecção pelo vírus em apenas 3% do total. Mais um caso foi confirmado por exames de um departamento estadual de saúde. Foi daí que surgiram as 9 mulheres, cujas situações foram reportadas nesta sexta.

Segundo a agência, aproximadamente meio milhão de mulheres grávidas viajam dos Estados Unidos todo ano para algum dos 32 países que apresentam transmissão autóctone do zika. /COM REUTERS