Funcionária atribui injeção de vaselina a pressão no trabalho

A chefe teria dito para Kátia 'agilizar' o serviço, pois a ala de pediatria estava muito cheia

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Por Camilla Haddad
Atualização:

A auxiliar de enfermagem Kátia Aragaki, de 26 anos, disse, em depoimento à polícia, ter sido pressionada pela chefe do setor de hidratação infantil do Hospital São Luiz Gonzaga. A chefe teria dito para Kátia "agilizar" o serviço, pois a ala de pediatria estava muito cheia. Anteontem, a auxiliar de enfermagem admitiu ter aplicado vaselina líquida em vez de soro na veia de Stephanie dos Santos Teixeira, de 12 anos, que morreu no sábado.

 

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Para Kátia, a pressão no trabalho teria contribuído para que perdesse a atenção e trocasse os potes de vidro, que, segundo seu depoimento, estavam guardados juntos. Esse fato também será investigado pela Polícia Civil. O delegado José Carvalho Pinto, do 73.º Distrito Policial (Jaçanã), intimará o diretor técnico do hospital na próxima semana.

 

Carvalho Pinto explicou que o objetivo é que o diretor esclareça o motivo de um pote de vaselina ser mantido no mesmo local dos soros pediátricos. "Tudo isso precisa ser explicado", afirmou o delegado ontem. "Ela deveria ter olhado o rótulo, mesmo que estivesse tudo no mesmo lugar", disse o delegado.

 

Anteontem, Kátia foi indiciada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Por enquanto, ela e outros seis plantonistas estão impedidos de trabalhar e só devem voltar após o fim da sindicância aberta pela Santa Casa de São Paulo, responsável pela administração do Hospital São Luiz Gonzaga.

 

A instituição não quis comentar o fato de os dois medicamentos estarem no mesmo lugar, mas informou que trocará a identificação dos rótulos dos potes. Serão usadas etiquetas coloridas para facilitar a visualização.

 

Um dos advogados de Kátia, Roberto Gama, contou que ela fazendo uma espécie de retiro porque está muito nervosa. Segundo Gama, a auxiliar de enfermagem não pretende, pelo menos por enquanto, falar com a família de Stephanie.

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