Dilma anuncia R$ 649 mi para pesquisas sobre zika e microcefalia

Presidente afirma que recursos serão liberados nos próximos quatro anos para o desenvolvimento de testes diagnósticos e vacinas

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Por Luísa Martins
Atualização:

BRASÍLIA - Um cronograma de ações divulgado nesta quarta-feira, 23, pelo governo federal promete investir R$ 649,1 milhões nos próximos quatro anos em pesquisas sobre o vírus da zika e a microcefalia. As atividades incluem o desenvolvimento de testes diagnósticos e vacinas, o tratamento e a inovação em gestão de serviços de saúde, além de estratégias de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da zika, além da dengue e da chikungunya.

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O anúncio integra as estratégias do Eixo de Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa do Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes aegypti e à Microcefalia. “É um projeto ambicioso, que coloca o Brasil em um patamar de ponta em relação ao mundo todo”, disse o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera.

Os R$ 649,1 milhões virão do Ministério da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia. O governo garante que os gastos estão previstos no orçamento e que nenhuma outra pasta ou programa será afetado.

O mosquito 'Aedes aegypti' é transmissor do zika, da dengue e da chikungunya Foto: Sérgio Castro/Estadão

Outros R$ 500 milhões ficarão disponíveis em forma de crédito pelo BNDES. Desse total, o banco oferecerá R$ 350 milhões para concessão de crédito ao setor privado, que poderão ser requisitados pelas empresas do complexo industrial da saúde para desenvolvimento, produção e comercialização de tecnologias para combater as doenças relacionadas ao Aedes. O dinheiro será liberado por meio das linhas e programas tradicionais do BNDES, como o BNDES Profarma (dependendo do subprograma, o prazo de pagamento pode ser de até 15 anos, com carência de 5).

Os demais recursos (R$ 150 milhões) são não reembolsáveis, provenientes do BNDES Funtec, e estão sendo aplicados em duas iniciativas: desenvolvimento da vacina contra a dengue pelo Instituto Butantã (R$ 100 milhões) e plano de ação contra o zika da Fiocruz (R$ 50 milhões), que inclui o desenvolvimento de testes sorológicos e moleculares para diagnosticar a doença, além de pesquisas clínicas e apoio à investigação de medicamentos e vacinas.

O BNDES diz também que “tem condições de ampliar o montante de acordo com a demanda das empresas e entidades do setor público”.

Discurso. Em seu pronunciamento, a presidente Dilma Rousseff diz que 93% dos recursos prometidos serão aplicados até o fim do seu mandato. “Em 2018”, fez questão de frisar.

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O Ministério da Saúde lançou, também nesta quarta, um edital para financiar R$ 20 milhões em pesquisas contra o mosquito nas áreas de controle, diagnóstico, prevenção e tratamento. O ministro Marcelo Castro informou ainda uma nova fase de um estudo com a bactéria Wolbachia – que, quando presente no organismo do Aedes, impede a transmissão de doenças. Segundo ele, representantes da Fundação Bill Gates virão ao Brasil auxiliar nos próximos passos da pesquisa, que deve contemplar uma localidade maior em área e em população do que a Ilha do Governador (RJ) e o bairro Jurujuba, em Niterói, onde já foram realizados testes-piloto.

A presidente Dilma afirmou que o governo está fazendo uma “busca ativa” das crianças com microcefalia que ainda não estão sendo atendidas.

Disse, ainda, que o conhecimento sobre o vírus da zika está “aquém do esperado” e que, por isso, o governo “corre contra o tempo”.

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