Governo vai encomendar 500 mil kits para detectar zika, dengue e chikungunya

Ministro da Saúde admite preocupação com as epidemias

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Por Mariana Durão
Atualização:

RIO - Um dia após a confirmação das três primeiras mortes por chikungunya no País o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, apresentou no Rio um novo teste desenvolvido pela Fiocruz para permitir o diagnóstico simultâneo do vírus que transmite a doença, o da zika e o da dengue. Atualmente é necessário realizar os três exames separadamente. Até o fim do ano, o Ministério da Saúde vai encomendar 500 mil kits da instituição de pesquisa. "A prioridade dos testes será para gestantes", afirmou. Embora admita que o ministério já está tratando a chikungunya como epidemia e destaque a gravidade das três enfermidades transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti,Castro faz questão de destacar que a zika é a maior preocupação do governo em função de sua associação à microcefalia em bebês. O País já registra em torno de 3500 casos da doença. Ao ser questionado sobre a recomendação das autoridades de saúde dos Estados Unidos para que grávidas evitem viagens ao Brasil e a outros países onde o vírus zika está se espalhando, Castro disse considerar o alerta prudente. "Não foi uma recomendação para não virem, mas para tomarem certos cuidados. Não podemos achar exagero se estão recomendando o mesmo que nós", disse, mencionando cuidados como o uso de repelente e roupas que evitem a exposição ao mosquito. "Estamos vivendo uma epidemia de microcefalia e a gestante deve fazer tudo para não ser picada", afirmou. Recentemente Castro chegou a declarar, em tom de brincadeira, que esperava que as mulheres contraíssem a zika antes de entrarem em idade fértil. No evento, hoje, ele voltou a afirmar que a epidemia de microcefalia criará uma geração de pessoas dependentes de cuidados especiais.

O Ministério da Saúde está apoiando pesquisas da Fiocruz, Butantan e Instituto Carlos Chagaspara desenvolver uma vacina contra a zika, mas admite que isso levará anos. Castro descartou a busca de um financiamento internacional para o combate aos vírus e garantiu que não faltarão recursos.

Kit fará o diagnóstico da doença em até três horas Foto: Fábio Motta|Estadão

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Diagnóstico. A expectativa é que o novo kit diagnóstico acelere a identificação das doenças possibilitando seu tratamento correto e que reduza o custo dos testes, já que o haverá substituição de insumos estrangeiros por produtos nacionais.

O diagnóstico do vírus zika é feito hoje com o uso da técnica molecular RT-PCR em Tempo Real, que identifica a presença do material genético na amostra. O Kit NAT Discriminatório, como foi batizado o teste, traz uma combinação pronta de reagentes, o que deve acelerar a análise das amostras e a liberação dos resultados. A análise conjunta é especialmente relevante para regiões em que os vírus circulam ao mesmo tempo.

Os primeiros 50 mil kits produzidos pela Fiocruz devem ser distribuídos inicialmente a 18 dos 22 Laboratórios Nacionais de Saúde Pública. A estimativa é que a nacionalização dos kits represente uma economia de 50% aos cofres públicos. Segundo a Fiocruz o custo para a realização do diagnóstico é de US$ 20 (R$80) por teste, contra cerca de R$ 900 em laboratórios privados. O desenvolvimento do kit para diagnóstico simultâneo dos três vírus foi um trabalho conjunto do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e do Instituto Oswaldo Cruz, com apoio do Instituto Carlos Chagas, do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães e do instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz.

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