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Grávidas com suspeita de zika deverão fazer dois exames de ultrassom

Mudança atende recomendação da OMS; novo protocolo também deverá trazer orientações para médicos sobre tratamento de gestantes com chikungunya

Por Ligia Formenti
Atualização:
Mudança de um para dois exames atende recomendação da OMS Foto: Nilton Fukuda/Estadão

BRASÍLIA - Gestantes com suspeita de zika atendidas na rede pública de saúde passarão a fazer dois exames de ultrassom durante o pré-natal em vez de um. A mudança, que atende a uma recomendação feitapela Organização Mundial de Saúde (OMS), passa a valer no fim deste mês. Além da ampliação do número de exames, o novo protocolo deverá trazer uma série de orientações para médicos e profissionais de saúde para o tratamento de gestantes com suspeita ou portadoras de chikungunya, doença também transmitida pelo Aedes aegypti e que, a exemplo da zika, traz o risco de ser transmitida durante a gestação para o bebê. 

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Ao contrário da zika, no entanto, o maior risco de transmissão da chikungunya da mãe para o bebê ocorre nos três meses finais de gestação. O contágio pode fazer com que a criança nasça com problemas graves de saúde, provocados principalmente pela ação do vírus no sistema nervoso da criança. 

O diretor de Vigilância em Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, em entrevista ao Estado disse que não há nenhuma orientação para que a gestante com chikungunya faça o parto cesáreo. "Os casos deverão ser avaliados caso a caso. Não há uma indicação clínica específica para isso", disse. Ele observou, no entanto, que haverá recomendação para que se verifique a necessidade de se adequar a rede para um eventual aumento da demanda por UTIs para os bebês.  Hage afirmou que o governo deverá reforçar os preparativos da rede pública para enfrentar um eventual aumento de casos de chikungunya no País entre toda a população. A expansão da doença preocupa por três razões. Ela é conhecida em outros países por provocar epidemias explosivas. Além do grande número de casos, a doença pode se tornar crônica, exigindo da rede pública não apenas atendimento no setor de urgência, mas na rede especializada, sobretudo direcionada ao alívio da dor e de problemas nas articulações. Há, ainda, um número expressivo de mortes relacionados à doença. 

"A taxa de mortalidade é de 0,4 caso a cada 100 mil habitantes", disse Hage. Um indicador semelhante ao da dengue. O problema, no entanto, é que há um grande número de pessoas suscetíveis ao vírus no Brasil. "Não sabemos o motivo, mas a chikungunya, quando chegou ao País ficou concentrada em dois Estados, somente agora ela se expandiu", afirmou ao Estado o infectologista da Universidade Federal de Pernambuco, Carlos Brito.

Agora, no entanto, o vírus já está presente em todo os Estados e a doença parece despertar. O número de casos contabilizados este ano é 10 vezes maior do que o identificado em 2015. Até agora, foram registrados 236.287 pacientes com a doença, enquanto no ano passado haviam sido identificados 23.431 casos. A epidemia está concentrada no Nordeste e a tendência, na avaliação de especialistas, é de que o comportamento se replique em outras regiões caso medidas de controle do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, não sejam feitas de forma eficiente.

O manual de esclarecimento, afirmou Hage, deverá conter informações sobre como diferenciar os três tipos de infecção provocada pelo Aedes aegypti - dengue, chikungunya e zika -a forma de atendimento, os medicamentos que podem ser adotados e aqueles que devem ser evitados. "A ideia é fazer um protocolo integrado, com abordagem para os três tipos de infecção", disse.

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