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Instituto do Câncer em SP tem surto de H1N1; paciente morreu

Pelo menos 62 relatos foram confirmados e há 171 casos suspeitos; centro médico adotou medidas rígidas para controlar higiene

Por FABIANA CAMBRICOLI E PAULA FELIX
Atualização:
Riscos. Ivone se prepara para cirurgia contra um câncer de mama e foi parar no pronto-socorro com gripe Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

SÃO PAULO - Principal hospital público oncológico da capital paulista, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) vive um surto interno de H1N1, com 171 casos suspeitos da gripe, dos quais 62 já foram confirmados, segundo a direção do hospital especializado. Um paciente morreu por complicações da gripe e vários funcionários estão afastados do trabalho por suspeita da doença. Para tentar barrar a disseminação do vírus, o hospital adotou, há cerca de um mês, medidas mais rígidas de higiene e de controle de entrada de visitantes.

“É um aumento expressivo de casos, mas a maioria dos pacientes já chega com a infecção. Tem alguns que até pegaram lá dentro, mas não sabemos se foi de outro paciente, de visitante ou de um funcionário”, diz Edson Abdala, coordenador do serviço de controle de infecção hospitalar do Icesp. Ele relata que, do total de casos registrados no instituto, 22 pacientes precisaram ser internados, 3 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Informe. Campanha educativa teve início no mês de março Foto: Reprodução

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Reflexo. “Essa alta de casos no Icesp é um reflexo do aumento de H1N1 na cidade. O que acontece é que isso se torna mais importante nos pacientes com câncer, porque eles têm risco maior de evoluir para quadros graves de doença”, diz Abdala. 

A partir da identificação do crescimento de infecções, o hospital determinou o isolamento dos pacientes com suspeita da doença e adotou medidas de contenção do vírus, como a distribuição de máscaras, recomendação de higienização constante das mãos e orientação para que pessoas com sintomas da gripe evitem fazer visitas na instituição.

Segundo Abdala, as ações de contenção do vírus no hospital atingem pacientes, visitantes e funcionários com foco na identificação precoce dos casos suspeitos. Destacam-se ainda campanhas educativas.

“Também identificamos profissionais com sintomas respiratórios. Nessas situações, o mais importante é afastar o colaborador. A gente começou as ações no dia 9 de março e, com as medidas, notamos uma diminuição importante de casos”, diz o coordenador do serviço de controle de infecção.

Ele afirma que os dados referentes a funcionários ainda não estão disponíveis para divulgação, mas que a vacinação dos servidores está sendo feita com agilidade. “Uma medida muito importante foi antecipar a campanha de vacinação, que começou na segunda-feira. Em dois dias, vacinamos quase 2.500 funcionários, mais da metade do total.”

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Preocupação. Diagnosticada com câncer de mama em fevereiro, a dona de casa Ivone Gonçalves Simões, de 69 anos, passa por consultas e exames pré-operatórios no Icesp, mas teve de procurar o pronto-socorro da unidade no sábado por outro problema.

"Sentia muita fraqueza, tosse, dor no corpo e no peito. Vim aqui e me disseram que pode ser H1N1, mas o exame só sai em seis dias. Aí me liberaram no domingo porque disseram que podia ser mais perigoso ficar no hospital”, contou ela, que recebeu o medicamento oseltamivir para finalizar o tratamento em casa.

Nesta terça-feira, no entanto, a paciente procurou novamente a unidade porque continuava com o mal-estar. “Não sei o que é isso, mas sinto que não melhoro”, disse ela, que usava uma máscara cirúrgica para evitar a disseminação do vírus e se proteger de novas infecções.

O uso do item foi recomendado pelos médicos a diversos pacientes e acompanhantes. “Desde sábado, ninguém pode subir para a UTI sem a máscara”, diz a psicóloga Luana Santos, de 25 anos, que foi visitar a mãe, internada no hospital com câncer de mama.

Surpresa. A dona de casa Fátima Rosa dos Santos, de 49 anos, que faz quimioterapia no hospital contra tumores no cérebro e na mama, também foi surpreendida pela gripe. “Não sei se foi aqui dentro ou fora, mas no pronto-socorro tem vários casos. Já comecei a tomar o Tamiflu”, conta ela.

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