Insumo da Coronavac acaba na sexta e 'entraves diplomáticos' impedem novo envio ao Brasil, diz Doria

Segundo o governador de São Paulo, 10 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo, suficientes para produzir 18 milhões de doses de coronavac, estão aguardando liberação do governo chinês para serem enviados ao Brasil

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Por Mariana Hallal
Atualização:

O Instituto Butantan entregou mais um milhão de doses da coronavac, vacina contra a covid-19, ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde na manhã desta quarta-feira, 12. Com isso, a primeira etapa do contrato entre o governo de São Paulo e o governo federal está concluída. Ao todo, foram entregues 46,1 milhões de doses da vacina desde janeiro.

Outro contrato prevê a entrega de 54 milhões de doses à campanha nacional de imunização até o final de setembro. Para fabricá-las, o Butantan depende da chegada de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) produzido na China. O governador João Doria falou que o estoque de insumos deve acabar na sexta-feira e não há previsão para a chegada de uma nova remessa.

Desde janeiro o Instituto Butantan já entregou46,1 milhões de doses da coronavac ao governo federal Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Segundo Doria, 10 mil litros de IFA, suficientes para produzir 18 milhões de doses de coronavac, estão aguardando liberação do governo chinês para serem enviados ao Brasil. O que impede o envio, diz, são “entraves diplomáticos” causados pelo presidente Jair Bolsonaro e sua equipe. Nas últimas semanas, o governo federal fez uma série de críticas à China e às vacinas feitas no país.

O governador informou que o diretor do Butantan, Dimas Covas, vai se reunir ainda nesta quarta-feira com o embaixador do Brasil em Pequim para tratar do assunto. Doria também disse que o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, estão ajudando nas negociações.

Se o resultado do encontro for positivo, a expectativa é que a carga chegue em São Paulo nos próximos dias. Senão, a produção da coronavac será paralisada por falta de insumos e a entrega das doses ao governo federal poderá sofrer atrasos. A última remessa de IFA chegou no País há 17 dias.

Vacinação de gestantes

Na coletiva, o governo estadual comentou sobre a interrupção da vacinação de gestantes. Na segunda-feira à noite a Anvisa recomendou a suspensão do uso da vacina de Oxford/AstraZeneca neste grupo depois da morte de uma grávida que havia recebido o imunizante. A relação do óbito com a vacina ainda não está confirmada.

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A coordenadora geral do Programa Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula, afirmou que o Estado vai manter a suspensão da vacinação das gestantes contra a covid-19. Ela cobrou do Ministério da Saúde uma nota técnica tratando do assunto com orientações sobre o que fazer.

O secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que o governo federal precisa avaliar se um evento adverso “raro e isolado” justifica o atraso da vacinação das gestantes. Segundo Gorinchteyn, que também é infectologista, a consequência da covid-19 nessas mulheres e nos bebês pode ser muito mais intensa e em maior escala do que os efeitos colaterais da vacina.

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