Interior reabre comércio com muita aglomeração e pouco respeito às regras

Em outras cidades, onde as regras estaduais foram replicadas, a fiscalização não deu conta de evitar abusos

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Por José Maria Tomazela
Atualização:
SOROCABA – Teve aglomeração e pouco respeito às regras do Plano São Paulo, do governo Doria, no primeiro dia da flexibilização das atividades econômicas no Interior. Algumas prefeituras definiram normas próprias e abriram mais do que o permitido pelo plano estadual. Em outras cidades, onde as regras estaduais foram replicadas, a fiscalização não deu conta de evitar abusos.

Reabertura do comércio de São Carlos (SP). Primeiro dia de comércio com portas abertas em todo estado de São Paulo e mesmo com restrições, filas em muitos locais. Foto: Bê CAVIQUIOLI/FUTURA PRESS

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Em Sorocaba, o comércio abriu das 9h às 13 horas, mas muitas lojas continuaram com as portas abertas após esse horário. A reportagem encontrou lojas de roupas, brinquedos e festas infantis funcionando após as 15 horas em bairros do Além-Linha, Além-Ponte e Cerrado. Na região central da cidade, houve aglomeração no bulevar Braguinha, na rua Barão do Rio Branco e em pontos da rua Álvaro Soares. O distanciamento não foi respeitado. Nas ruas, o movimento de veículos foi intenso. A prefeitura aumentou de 40% para 50% a frota de ônibus do transporte público.

A prefeitura de Sorocaba informou que a fiscalização esteve em 20 estabelecimentos nas regiões do Além-Linha e Além-Ponte e realizou cinco notificações de orientação aos comércios que mantiveram atendimento após o horário determinado pelo decreto municipal. Após a ação, as portas foram fechadas. Em Jundiaí, também incluída na fase 2, o comércio abriu às 9h30 e, uma hora depois, o calçadão da rua Barão de Jundiaí, estava lotado de pessoas. Muitos não usavam máscara e a aglomeração foi inevitável. Houve agrupamentos também em pontos de ônibus. Os shoppings só reabrem quarta-feira, 3, e igrejas e templos ainda não têm data para a retomada dos cultos. Ao anunciar que São José do Rio Preto atingiu, nesta segunda-feira, 703 casos positivos e 23 mortes pela covid-19, o secretário de saúde Aldenis Borim fez um desabafo. “O que vimos na cidade hoje é uma coisa espantosa, uma coisa que nos deixa preocupados e tristes. Como se tivesse aberto tudo, a cidade cheia de gente, não respeitando a capacidade de 20%.” São José do Rio Preto está na faixa laranja. Segundo ele, muitas pessoas não acreditam na doença “porque, se acreditassem, voltariam para casa”. O secretário disse que, se as lojas não seguirem os horários, podem ser não só multadas, mas também lacradas. “É desobediência civil”, afirmou. Ele prevê que haverá aumento de casos. “O panorama hoje reflete quando estávamos fechados. O que vimos hoje vai começar a aparecer daqui 15 dias”, disse. Apesar de também estar na fase 2 (laranja), a prefeitura de Marília colocou a cidade na fase 4, permitindo a abertura de academias de ginástica, clínicas de estética e salões de beleza. Terminais de ônibus foram reabertos e a frota do transporte coletivo voltou a circular. Moradores relataram filas em portas de lojas e bancos, o que foi confirmado pela Guarda Municipal. A prefeitura de Itapetininga permitiu a reabertura de igrejas, templos e da rodoviária. Indo além dos 20% do plano estadual, autorizou o funcionamento de 30% do comércio. O padre José Saraiva Júnior, reitor do Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul, aproveitou a abertura para iniciar a distribuição de senhas para as celebrações. “Cada missa tem senha de uma cor, com data e horário, e estamos entregando até duas senhas para cada família”, explicou. A igreja tem capacidade para 940 pessoas, mas vai receber só até 200.

Retomada

Em muitas cidades, as regras foram seguidas até com rigor. Em Ribeirão Preto, o decreto municipal criou uma escala para a reabertura, com horários alternados para os vários segmentos. O comércio de rua abriu das 12h às 16 horas. Já os escritórios em geral estão funcionando das 9h às 13 horas, e os shoppings, das 16h às 20 horas. 

Gerente de uma loja de roupas na região central, Rogério Funari comemorou a retomada. “Estamos com fila na porta e com volume de vendas acima do esperado. O que tínhamos de estoque para o inverno está saindo”, comemorou. Em Araraquara, mesmo com a cidade na fase 3 (amarela), a prefeitura determinou que o comércio distribuísse senha aos consumidores para organizar o atendimento. As lojas abriram das 10h às 16 horas e tiveram filas no acesso. O atendimento presencial ficou abaixo dos 40% permitidos pelo plano estadual. Em Bauru, também na fase 3, além das lojas, reabriram restaurantes, bares, sorveterias e docerias para atender até dez clientes por vez. Vendedores de máscaras ocuparam pontos estratégicos para oferecer os protetores faciais – uma lei municipal prevê multa de R$ 168 para quem sair à rua sem proteger o rosto. Na fase laranja, 2, São José dos Campos reabriu o comércio às 9 horas. O calçadão da rua 7 de Setembro ficou lotado de consumidores. Espaços foram demarcados do lado de fora para a organização das filas. A prefeitura montou uma equipe com 45 servidores uniformizados para orientar a população sobre as regras. Não houve incidentes. Sobre a reabertura do comércio em Marília além do previsto no Plano São Paulo, a promotoria de saúde pública do Ministério Público local notificou a Procuradoria Geral de Justiça do Estado para apurar possível descumprimento de decreto estadual. A prefeitura informou que agiu com respaldo legal.

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