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Já para cama!

Estudo sugere que crianças que dormem mal correm mais risco de abusar de bebida e de outras drogas na adolescência

Por Jairo Bouer
Atualização:

Um novo estudo sugere que crianças que dormem mal correm mais risco de abusar de bebida e de outras drogas na adolescência. Uma hora a menos de sono por dia na infância aumentaria em até 20% os problemas com álcool mais tarde.

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Durante uma década, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh (EUA) acompanharam 200 garotos de 11 anos da Pensilvânia. Aos 21 anos, eles foram avaliados em relação ao uso de substâncias psicoativas. Os que tinham dormido menos do que o recomendado (9 horas diárias de sono nesta fase da vida) ou tinham tido um sono de pior qualidade foram os que beberam mais precocemente. Além disso, eram os que mais abusavam de álcool, maconha e outras drogas.

O trabalho, publicado no periódico Drug and Alcohol Dependence e divulgado pelo jornal inglês Daily Mail, mostra como o sono pode ser um fator importante de prevenção ao uso precoce de álcool e ao abuso de drogas na adolescência, questões complexas de serem evitadas e tratadas nesta fase da vida. A pesquisa fez parte de um estudo maior que buscou identificar fatores de vulnerabilidade e resiliência de jovens de famílias americanas de baixa renda. Pelo visto, dormir bem pode ser estratégico para evitar fatores de risco para a vida e o futuro dos adolescentes.

Já que dormir bem parece ter peso importante na prevenção de problemas com álcool e drogas entre adolescentes, reunimos, a seguir, alguns estudos que trazem dicas de como fazer uma criança ou um adolescente ter boa qualidade e quantidade de sono.

Para pesquisadores da Academia Americana de Pediatria, os adolescentes têm um atraso na fase inicial do sono, em função dos hormônios liberados nesse momento da vida. O ideal seria que eles fossem para a cama próximo das 23 horas e pudessem acordar perto das 8 horas. Dessa forma, as atividades escolares pela manhã poderiam começar um pouco mais tarde, para garantir melhor sono para os jovens estudantes. Algumas cidades americanas já adotam essa estratégia.

Outro trabalho da Universidade de Pittsburgh, publicado no Preventive Medicine, mostra que quem usa mais as redes sociais tende a ter uma pior qualidade de sono. Tanto a perda da noção de tempo como a excitação que esse tipo de comunicação exerce nos jovens pode tirar o sono de muita gente. A luminosidade das telas de computador pode também ter uma influência em nosso ritmo de sono. Assim, desligar os eletrônicos, incluindo os celulares, pelo menos uma hora antes de ir para a cama é uma ótima ideia.

Pesquisa da Universidade de Columbia (EUA), publicada no Journal of Clinical Sleep Medicine, sugere que uma dieta alimentar pobre em gorduras saturadas e rica em fibras pode ajudar os jovens a pegar melhor no sono à noite e a ter maior duração da fase de sono profundo, considerada a mais “reparadora”. Já o excesso de açúcares (doces, refrigerantes, sucos adoçados e massas) no dia pode levar a mais “despertares” à noite, o que se traduz em sono de pior qualidade.

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Por fim, um estudo de um consórcio de universidades americanas (Cornell, Wayne State e Penn State) e das turcas de Middle East e Bilkent, publicado no Social Personality and Psychological Science, mostra que se sentir valorizado e querido pelo parceiro melhora o sono. Quem tem um relacionamento de qualidade dorme bem. O suporte do parceiro gera sensação de conforto que alivia ansiedades e angústias, faz a pessoa dormir mais facilmente e melhor.

Em resumo, um parceiro que dê suporte, uma boa alimentação, menor uso de redes sociais à noite e ir para a cama um pouco mais tarde são estratégias que fazem os jovens dormirem melhor. Se mais e melhor sono pode evitar uso precoce e abuso de álcool e drogas, então essas medidas de “higiene” do sono estão no centro dessa prevenção. É isso!

Jairo Bouer é psiquiatra

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