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Mais da metade dos novos médicos de SP é reprovada em exame

Dos quase 2,9 mil recém-formados, 55% não passaram na prova do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp)

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Mais da metade dos recém-formados em Medicina no Estado de São Paulo foi reprovada no exame do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) de 2014, segundo resultados divulgados pelo órgão na manhã desta quinta-feira, 29. Dos 2.891 egressos de escolas médicas paulistas que fizeram a prova, 55% não conseguiram atingir o porcentual mínimo de acertos, de 60%.

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O índice de reprovação é levemente inferior ao do exame de 2013, quando 59% dos candidatos foram reprovados, mas ainda é considerado preocupante pelo conselho.

"É uma surpresa desagradável saber que os alunos saem da faculdade sem saber coisas básicas. E, ao mesmo tempo, nos dá uma sensação de impotência porque não podemos impedir que esse profissional incompetente exerça a profissão", diz Braulio Luna Filho, presidente do Cremesp. Ele se refere ao fato de que, pela legislação brasileira, para conseguir o registro do órgão, basta que o recém-formado participe do exame, independentemente do seu desempenho.

Formandos do curso de medicina da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, protestam em 2012 contra a realizaçao do exame do Cremesp. Foto: Gustavo Magnusson/Estadão

Para o conselho, a principal causa do desempenho ruim dos egressos é a baixa qualidade da formação médica. "As escolas nem sempre têm corpo docente qualificado, hospital escola, laboratórios, biblioteca", diz Renato Azevedo, diretor primeiro-secretário do Cremesp.

As áreas de conhecimento com o maior número de erros foram clínica médica, ciências básicas e pediatria. "São exatamente as áreas que esses novos médicos vão trabalhar quando saem da graduação. Esses profissionais mal formados geralmente não passam na prova da residência e vão atender em pronto-atendimentos ou pronto-socorros", diz Luna Filho.

O órgão defende um exame nacional que condicione a emissão do registro ao desempenho do profissional e estuda adotar um monitoramento anual dos reprovados no exame.

Faculdades. Os alunos vindos de universidades públicas tiveram melhor desempenho no exame do que os que estudaram em escolas particulares. Enquanto no primeiro caso, o índice de reprovação foi de 33%, no segundo, chegou a 65,1%.

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Das 30 escolas médicas existentes no Estado, 20 não atingiram a pontuação mínima - a maioria privada. Das dez faculdades que tiveram desempenho aceitável, sete são públicas. O Cremesp não divulga o resultado por escola.

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