Médico acusado de fazer transplantes ilegais é preso em Nepal

Amit Kumar, detido em Chitaw, era procurado internacionalmente por comercializar rins e outros órgãos

PUBLICIDADE

Por Associated Press
Atualização:

Foi preso num hotel em Nepal o suposto chefe de um grupo responsável por fazer transplantes de órgãos que eram removidos ilegalmente - às vezes até de pacientes que não tinham a intenção de ser doadores - na Índia, disseram as autoridades de Nepal nesta sexta-feira, 8. A procura internacional pelo médico fugitivo, Amit Kumar, chegou ao fim na noite de quinta, quando policiais nepaleses o prenderam em Chitaw, localizada ao sul de Katmandu. O médico foi encontrado com US$ 230 mil em dinheiro e um cheque no valor de U$S 24 mil. Segundo a imprensa local, o procurado foi identificado por um funcionário do hotel que o reconheceu quando assistiu um programa de TV indiano que é transmitido em Nepal. A polícia acredita que mais de 500 rins foram vendidos para clientes de diversas nacionalidades que viajaram para a Índia nos últimos nove anos. Alguns doadores involuntários foram ameaçados com revólveres antes de terem seus órgãos removidos. "Isso é errado, absolutamente errado. Eu não enganei ninguém", disse Kumar à imprensa em Katmandu.  "Posso apenas afirmar que não cometi nenhum crime", acrescentou. Os baixos custos da assistência médica indiana fez com que a Índia se tornasse um destino popular para os estrangeiros que necessitavam de algum tratamento especial, inclusive cirurgias cardíacas. O caso dos transplantes ilegais de rins chocou o país e causou polêmica no mundo todo. Kumar já havia sido acusado por praticar transplantes ilegais em outros lugares, não apenas na Índia. O ministro indianodo Interior, Sriprakash Jaiswal, disse que espera que Kumar seja extraditado em breve. Mas o médico será acusado e julgado em Nepal. O jornal The Toronto Star divulgou que a família de Kumar vive no subúrbio de Toronto, onde, em abril, ele e a esposa compraram uma casa no valor de US$ 610 mil. Segundo o The Star, Kumar foi visto pela última vez no Canadá um pouco antes do Natal. A polícia acredita que há no mínimo outros quatro médicos, diversos hospitais, duas dúzias de enfermeiras e paramédicos e uma ambulância envolvida na máfia dos transplantes de órgãos ilegais. Os doadores eram ameaçados de morte ou iludidos com falsas promessas de emprego. Os sobreviventes descrevem os horrores que vivenciaram. "Nós tiramos o seu rim", um homem mascarado disse a um pobre diarista que acabar de acordar depois de passar - involuntariamente - por uma cirurgia e acordar com fortes dores. "Se contar para alguém, nós mataremos você", acrescentou o mascarado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.