Médico é acusado de agredir mulheres durante o parto, no Rio

Ao menos sete vítimas denunciaram o profissional do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul da capital fluminense

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Por Alfredo Mergulhão
Atualização:

Atualizada às 16h27

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RIO - Um médico da rede pública municipal do Rio de Janeiro é investigado por suspeita de praticar atos violentos contra mulheres durante procedimentos de parto, no Hospital Miguel Couto, na Gávea, na zona sul. Pelo menos sete vítimas denunciaram o profissional por agressão à 14ª Delegacia de Polícia (Leblon), que investiga o caso.

As mulheres relataram agressões físicas e verbais. Uma delas contou que ganhava tapas na cara toda vez que gritava na sala de parto. Ela acusa o médico de ter colocado gaze dentro de sua boca para abafar os gritos. 

Outra vítima afirmou que foi chamada de "vagabunda". Segundo a denúncia, o médico questionou, em tom irônico, o porquê de a mulher gritar naquele momento, já que ela tinha gostado na hora de fazer o bebê. Ela perdeu o bebê após o parto.

Médico acusado de agressão a mulheres trabalha no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea Foto: Nelson Duarte/Divulgação

As denúncias foram feitas, inicialmente, em uma audiência pública realizada em maio pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa (Alerj). Na ocasião, quatro mulheres foram ouvidas.

"Uma enfermeira foi a primeira a falar sobre o médico. Depois convencemos as vítimas a denunciar. Todas choraram muito enquanto eram ouvidas, estavam fragilizadas. É uma situação grave, que exige resposta dos órgãos competentes", disse a deputada estadual Enfermeira Rejane de Almeida (PC do B-RJ), presidente da comissão.

O médico, cujo nome é mantido em sigilo, foi apelidado de "cachorrão" pelas vítimas. Convidado a se explicar na Alerj, ele não compareceu, nem enviou representante. A Secretaria Municipal de Saúde instaurou uma sindicância para apurar o caso. O médico foi afastado do Hospital Miguel Couto.

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A Secretaria Municipal de Saúde informou que o médico vai permanecer afastado de suas funções até que seja concluída uma sindicância aberta para apurar as denúncias de má conduta do profissional. "O procedimento segue em sigilo", diz a nota.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) também abriu uma sindicância, que antecede o processo ético profissional. Em caso de condenação, afirma o Cremerj, as punições vão de advertência confidencial até a cassação do registro.

A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento e também apura a morte de um recém-nascido. Médicos e testemunhas têm sido ouvidos na unidade policial.

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