PUBLICIDADE

Metade dos paulistanos tem excesso de peso, aponta pesquisa

Zona norte apresenta a maior taxa de pessoas acima do índice indicado, mostra o Inquérito de Saúde de Base Populacional

Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - Metade da população da capital paulista tem excesso de peso, de acordo com dados do Inquérito de Saúde de Base Populacional (ISA Capital), apresentados nesta quinta-feira, 31. A pesquisa foi feita no ano passado e revelou que, entre pessoas com mais de 12 anos, 49,7% têm Índice de Massa Corporal (IMC) maior do que o indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como saudável. Esse índice é determinado pela divisão do peso pela altura ao quadrado.

PUBLICIDADE

O resultado para excesso de peso é a soma dos índices de sobrepeso e obesidade. Em 2003, na primeira edição do levantamento, eram 38% e, há oito anos, o índice era de 42,3%. 

A zona norte tem a maior taxa (53,9%), acima do comportamento geral da cidade, e a centro-oeste, a menor (41,4%). A prevalência é para mulheres, que representam fatia maior na comparação com os homens em duas faixas etárias: de adolescentes entre 12 e 19 anos, e acima de 60. Já na faixa de 20 a 59 anos há mais pessoas do sexo masculino com excesso de peso do que mulheres.

A terceira edição da pesquisa entrevistou 4.043 moradores das cinco regiões da capital e avaliou hábitos e comportamentos relativos à saúde da população Foto: Scott Sinkler/The New York Times

São Paulo segue a tendência nacional. No País, são 52,5% dos brasileiros com excesso de peso. Financiada pela Prefeitura de São Paulo, a terceira edição da pesquisa entrevistou 4.043 moradores das cinco regiões da capital e avaliou hábitos e comportamentos relativos à saúde da população de acordo com sexo, idade e, pela primeira vez, por região da cidade. 

Para o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, é preocupante o aumento da obesidade, taxa que começa a crescer também entre crianças e adolescentes.

“A saúde tem a ver com hábitos alimentares, por isso é importante mudar esse hábito alimentar já no período escolar das crianças”, afirma. 

Padilha destaca a importância de uma merenda escolar nutritiva nas escolas particulares. O secretário defende que a vigilância da Prefeitura faça inspeções nas cantinas de unidades de ensino privadas. Segundo ele, uma parceria com a Secretaria Municipal da Educação já determina alimentação mais balanceada na rede pública. 

Publicidade

“É importante discutir a possibilidade de ter uma lei municipal para estabelecer o que tem de ser oferecido para as crianças nas escolas, que regularize o que é oferecido nas cantinas. Não pode ter grande oferta de frituras e refrigerante como hoje”, afirma o secretário.

Além da vigiar o valor nutritivo do cardápio nas escolas, Padilha destaca que também é preciso estimular as atividades físicas ao ar livre. “Vamos aproveitar as ruas de lazer, a Paulista aberta, os parques.”

Hábitos. Com obesidade severa (IMC 39, enquanto o considerado saudável vai de 18,5 a 25), o gerente administrativo Teddy Alberto Carpi de Castro, de 29 anos, reconhece a importância de garantir desde agora a alimentação saudável das duas filhas pequenas, hábito que não teve durante a infância. Criado na casa de avó e acostumado a comer muito doce, Castro só teve acesso a verduras na vida adulta. 

“Não tinha costume de comer fruta nem verdura quando era pequeno. Só depois de adulto comecei a conhecer salada. Mas eu e a minha mulher insistimos para nossas filhas comerem salada e legumes desde já. Elas adoram chuchu e quiabo”, conta. Castro defende que as filhas sejam apresentadas a comidas saudáveis desde cedo para evitar complicações quando estiverem mais velhas.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Faz seis meses que ele se prepara para se submeter a uma cirurgia bariátrica, procedimento pelo qual a mulher já passou. O gerente administrativo não tem hipertensão nem diabete, já fez dietas e atividades físicas, e acredita que a cirurgia é importante neste momento como forma de prevenção. “Quero poder brincar com as minhas filhas, correndo, me escondendo, me abaixando, sem cansar tão rapidamente. Brinco um pouco e já não aguento mais as pernas. Tenho de deitar ou sentar. Com menos peso, poderia curtir mais.” 

Outros índices. Fatores associados à obesidade, como hipertensão e diabete, também cresceram na capital paulista. O número de hipertensos aumentou de 14%, em 2003, para 20,4% em 2015. A região sudeste da cidade apresentou a maior taxa (23,5%). Já os diabéticos representam 6,7% da população, ante 4,1% em 2003. 

Na avaliação da coordenadora da pesquisa, a médica Margarida de Azevedo Lira, o excesso de peso é questão de saúde pública e tem origem na infância, quando a alimentação da criança é inadequada. Ela cobrou que sejam tomadas medidas em nível nacional, como políticas para redução de sal e gordura nos alimentos. “Se não tivermos ações que invistam nessa direção, vamos ter uma população de obesos no futuro, como já observamos nos Estados Unidos”, compara.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.