Parentes de vítimas do Ebola na África estão desafiando as autoridades e abandonando corpos no meio das ruas. O surto foi detectado em março, em uma região remota da Guiné, onde o número de mortos vem aumentando. Rapidamente a doença atingiu dois países vizinhos: Libéria e Serra Leoa. Para conter a proliferação, foram mobilizadas tropas do Exército para forçar uma quarentena na fronteira.
Desde a semana passada, várias medidas vêm sendo tomadas na região, responsável por 70% dos casos. Entre elas estão o fechamento de escolas e o isolamento de locais com vírus.
No entanto, o pânico em relação à doença ameaça a contenção. Na Monróvia, capital da Libéria, parentes estão deixando os corpos de vítimas no meio de ruas populosas, para não ter de enfrentar o isolamento de casas e a descontaminação. “Essas pessoas estão se expondo ao risco de contaminação”, diz o ministro da Informação, Lewis Brown. O contato com cadáveres é a principal forma pela qual os médicos vêm contraindo o vírus.
Como menos da metade dos infectados sobrevive, muitos africanos consideram que ficar em locais fechados com o cadáver já contamina - na realidade, isso só ocorre por contato. “Estamos pedindo que esperem para recolhermos os corpos”, disse Brown.