OMS vê fracasso contra Ebola e ONU pede ajuda a líderes

Organização diz que 'milhares' de novos casos vão surgir na Libéria; Ban Ki-moon liga para presidentes em busca de apoio

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Por Jamil Chade
Atualização:
Doença já matou 1,9 mil pessoas Foto: NYT

GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira, 8, que a comunidade internacional está fracassando no combate ao Ebola e alertou que “vários milhares” de novos casos vão surgir na Libéria nas próximas três semanas. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, telefonou para líderes globais, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pediu mais empenho no combate ao vírus. 

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Até um médico da OMS, com toda a sua estrutura de prevenção, foi contaminado em Serra Leoa. A organização Médicos sem Fronteiras advertiu que o surto ressurgiu em áreas da Guiné onde parecia ter chegado ao fim. Para as duas entidades, está na hora de se adotar medidas “não convencionais”. 

“Deveremos ver um aumento exponencial no número de casos”, admitiu Margaret Chan, diretora da OMS. Para a organização, a responsabilidade é de toda a comunidade internacional diante do “sofrimento humano sem precedentes”. 

Investigação da OMS revelou uma situação dramática na Libéria. “O surto superou completamente a capacidade do governo e dos parceiros de dar uma resposta”, indicou a OMS, que admitiu que o fenômeno “jamais foi visto” - 14 das 15 regiões do país estão afetadas. 

O serviço de saúde está em colapso. Em um país com um médico para cada 100 mil habitantes, a doença já matou 79 profissionais. “Assim que um novo centro de atendimento do Ebola é aberto, ele é imediatamente lotado, apontando para um enorme número de casos invisíveis”, informou a OMS. A Libéria registrou até agora 2 mil casos e mil mortos. 

Na região de Montserrado, onde vivem 1 milhão de pessoas, a OMS estimou a necessidade de mil leitos para pacientes, mas só existem 240. O único hospital de referência de Monróvia foi em grande parte destruído durante a guerra civil no país. Hoje, tem vazamentos e incêndios causados por curtos-circuitos. 

Transporte. Outra constatação da investigação da OMS é a de que carros, táxis e motos em Monróvia se transformaram em vetores de transmissão. Assim que uma pessoa adoece, famílias inteiras entram nos táxis e percorrem a cidade em busca de um leito. “Não existe nenhum leito disponível”, disse a OMS. O problema é que os veículos não são desinfetados. 

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A OMS concluiu que as intervenções convencionais de controle da doença não estão funcionando e pede que a ajuda internacional seja multiplicada por quatro na Libéria. 

Apelo. Nesta segunda, Ban Ki-moon conversou, além de Obama, com os presidentes da França, François Hollande, e de Cuba, Raúl Castro, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Ele agradeceu a ajuda contra o Ebola, mas destacou “a necessidade urgente de aumentar o apoio, incluindo mais equipes médicas, transporte e financiamento para assistir às comunidades afetadas”, disse o porta-voz do secretário, Stéphane Dujarric.

Ban Ki-moon conversou também com a presidente do Médicos sem Fronteiras, Joanne Liu, a quem agradeceu o trabalho da organização e “discutiu fórmulas para que a comunidade internacional continue apoiando seus esforços na África Ocidental”, disse Dujarric. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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