Brasil confirma caso de sarampo após 3 anos sem a doença

Vítima é bebê venezuelano que imigrou para o País; há ainda outros sete registros em investigação em Roraima, sendo um de brasileiro

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:
Oito crianças, sendo sete venezuelanas e uma brasileira, estão com suspeita de sarampo em Boa Vista Foto: Eies Antonelli/SECOM RR

Livre do sarampo há quase três anos, o Brasil informou nesta terça-feira ter registrado um caso confirmado da doença e outros sete suspeitos no Estado de Roraima. Sete dos oito registros são de cidadãos venezuelanos que migraram para o Brasil afetados pela crise no país vizinho, onde surtos de sarampo e malária são realidade. A outra vítima da doença é um bebê brasileiro morador de Boa Vista.

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Os dados causaram alerta no Ministério da Saúde diante da possibilidade da expansão do vírus entre imigrantes e brasileiros não vacinados. A preocupação se justifica principalmente pelo fato de a cobertura da vacina tríplice viral (que protege contra o sarampo) estar abaixo do esperado em várias regiões do País. Em Roraima, apenas 84% do público-alvo recebeu as duas doses da vacina no ano passado, enquanto a meta é imunizar 95% desse grupo.

“Essa é uma doença altamente contagiosa, com facilidade de provocar surtos. Mesmo que tenhamos cidades ou áreas com altas coberturas, alguns bolsões com baixo índice de vacinados podem registrar surtos”, alerta a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A ameaça, caso se concretize, também pode fazer o Brasil perder o certificado de eliminação do sarampo, emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016.

As equipes de vigilância em saúde da Prefeitura de Boa Vista realizaram ação intensa de vacinação no sábado Foto: Andrezza Matiot/SESAU

Dados do ministério mostram que apenas um Estado brasileiro – o Ceará – registrou cobertura vacinal dentro da meta no ano passado (98%). Em todas as outras unidades da federação, a taxa é inferior a 95%, chegando a apenas 51% no Maranhão e no Rio Grande do Norte, Estados com as menores coberturas vacinais. Na média do País, apenas 68% do público-alvo tomou as duas doses da tríplice viral no ano passado.

Em São Paulo, o índice de vacinados ficou em 64% em 2017. A Secretaria da Saúde paulista informou que a doença está controlada e não há registro de casos desde 2015.

Medidas. Diante do quadro em Roraima, o Ministério da Saúde vai enviar, a pedido do governo do Estado, 80 mil doses extras do imunizante para intensificar a vacinação em brasileiros e imigrantes. Em Roraima, 1,9 mil venezuelanos foram vacinados desde o dia 13.

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Uma equipe do ministério viajou para o Estado para auxiliar no planejamento das atividades de investigação e imunização. Ainda nesta semana, a pasta “realizará um treinamento para os profissionais de saúde do Estado e da capital Boa Vista, sobre aspectos gerais da doença e ações de vigilância epidemiológica”.

A partir do dia 3, o governo do Estado realizará uma campanha de vacinação em todos os 15 municípios para evitar o surto. A expectativa é fazer uma busca de casa em casa para localizar quem não foi imunizado.

Europa. Falhas nas ações de vacinação provocam surtos de sarampo também na Europa. Nesta terça-feira, a OMS informou que o número de casos da doença no continente subiu de 5.273 em 2016 para 21.315 em 2017 – o que representa alta de 304%.

De acordo com a OMS, a explosão de registros foi acompanhada por grandes surtos (quando 100 ou mais casos são notificados) em 15 dos 53 países europeus.