Pais negam versão de berçário sobre morte de bebê por asfixia em SP

Em vídeo divulgado na internet, o casal Fabiana Gonzaga e Nelson Guilhamati afirma que a criança não sofria de qualquer problema de saúde que inspirasse cuidados especiais

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Por Redação
Atualização:

O casal Fabiana Gonzaga e Nelson Guilhamati, pais do bebê Rafael, de 5 meses, que morreu engasgado na terça-feira após receber leite no berçário do colégio Maria José, em São Paulo, fizeram um desabafo em um vídeo que foi postado na internet na noite desta quinta-feira.

 

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No vídeo "Pela verdade no caso Rafael Guilhamati", que tem 4 minutos e 55 segundos, os pais contam sua versão sobre a morte do bebê, rebatendo as afirmações do advogado João Ibaixe, representante do colégio. Segundo Ibaixe, os pais seriam os responsáveis pela morte da criança porque não teriam informado o colégio que o bebê sofria de refluxo, e que isso poderia ser a causa do engasgamento e da morte.

 

"Decidimos dar uma pausa no nosso luto para esclarecer alguns pontos, o nosso lado da história, e deixar claro que o Rafael não tinha doença nenhuma, não tinha problema de saúde nenhum. Ele não tinha refluxo, ele não tinha nada", disse Nelson. O pai continua: "passou cinco vezes no médico, em cinco meses de vida. Uma consulta por mês". A mãe completa: "Nunca ficou doente, nunca tomou remédio."

 

Fabiana continua o depoimento, descrevendo como foi o dia em que deixou o bebê na escola, até o momento em que liga para ter notícias e descobre que a criança tinha ido para o pronto-socorro. "Ela não sabia me informar nada, desliguei, liguei para o meu marido e para o meu irmão para eles irem correndo para o hospital". A mãe diz que a escola não deu informação nenhuma.

 

"Cheguei no hospital, sem ninguém da escolinha, só o corpinho do meu neném. Meu neném lindo", relata Fabiana, que começa a chorar.

 

O pai diz que a família resolveu fazer o vídeo para defender uma criança de cinco meses, que "quando estava sendo velada, estava sendo agredida violentamente, sem a gente ter acusado ninguém, sem a gente ter apontado o dedo na cara de ninguém. A gente só quer a verdade sobre o que aconteceu com a nossa criancinha", diz Nelson.

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"A única coisa que a gente sabe, é que a gente deixou nosso filho vivo, sorridente, na escolinha, e fomos retirar ele do IML morto. Obrigado, gente, não temos mais o que falar. Obrigado", finaliza o pai do bebê.

 

O casoO bebê morreu na terça-feira após se engasgar com leite no berçário do Colégio Maria José, em Santa Cecília, no centro de São Paulo. Era o segundo dia da criança na escola - que tem 6 babás para cuidar de 49 crianças.

 

Segundo o advogado Ibaixe, o caso foi uma fatalidade. "A babá deu o leite, manteve a criança ereta por 40 minutos e a colocou para dormir. Uns 20 minutos depois, ela viu que o bebê estava engasgado e chamou a enfermeira, que rapidamente iniciou os primeiros socorros", afirmou.

 

Segundo Ibaixe, o colégio acionou o resgate, mas, por causa da demora, levou o bebê ao hospital de táxi. "A criança chegou com vida ao pronto-socorro." Ibaixe atribuiu a responsabilidade à família. Ainda segundo o advogado, ao ver que a criança estava engasgada, uma funcionária ligou para a mãe, que teria dito para "dar um tapinha nas costas" do bebê. "A mãe não falou que a criança tinha refluxo, um problema de saúde."

 

Nathaly Roque, de 36 anos, tia de Rafael, contesta a versão do berçário. Diz que Rafael não tinha problema de saúde e a mãe não foi orientada a acompanhar a criança nos primeiros dias. "Se ela soubesse, teria deixado o menino na escola dias antes."

 

Nathaly diz ainda que foi Fabiane quem ligou para a escola para saber do filho, quando soube que ele havia sido levado para o hospital. "Quando o Nelson (pai) chegou lá, ele foi recebido pela assistente social, que o informou da morte", diz a tia.

 

A prefeitura informou que Rafael deu entrada no pronto-socorro às 13h55 com parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram manobras de ressuscitação, sem sucesso. A morte foi constatada às 14h15. Segundo Nathaly, o atestado de óbito relata que Rafael morreu por asfixia por broncoaspiração. A família espera o fim da investigação para decidir se processará o colégio. O corpo do bebê foi enterrado nesta quarta-feira.

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