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Países pobres precisam de US$ 1,5 bi para enfrentar gripe H1N1

Na sexta-feira, a ONU realiza uma conferência com doadores para tentar obter os recursos necessários

Por Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Em um relatório enviado a ministros da Saúde de todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde apela por doações de US$ 1,4 bilhão para possibilitar que os países mais pobres estejam preparados para lidar com a gripe suína. Na sexta-feira, em Nova York, a ONU realiza uma conferência com doadores para tentar obter os recursos necessários.

 

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Enquanto isso, nove países ricos prometeram que darão 10% de toda sua produção de vacinas para que a OMS distribua para 85 países mais pobres.

 

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Mas a contribuição já se transformou em polêmica. Os governos que aceitarem a contribuição terão de assinar um papel que retira das empresas produtoras qualquer responsabilidade por eventuais efeitos secundários gerados pelas vacinas.

 

A OMS insiste que a vacina que chegar ao mercado será segura. Mas a cláusula chamou a atenção de governos. Há três meses, a OMS havia insistido que as vacinas fossem amplamente testadas antes de serem distribuídas. Mas, diante da urgência em iniciar as campanhas de vacinas, o processo foi acelerado.

 

Pelo acordo exigido pelas próprias empresas, se um lote de doação gerar efeitos colaterais, o país receptor não poderá se queixar à indústria.

 

Esses remédios irão para 85 países que não tem capacidade de fabricar vacinas e nem de ter acesso aos produtos. A ideia é de que as doações possibilitem que entre 5% e 10% da população desses países pobres sejam atendidas. Na França, Espanha e Estados Unidos, a meta é de atender mais de 80% da população.

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A doação vem apenas meses depois que centros da India, China e Brasil se comprometeram com a mesma taxa. No caso do Brasil, a contribuição de 10% foi revelada pelo Estado em julho e é uma forma de o País pagar à OMS pela ajuda recebida nos últimos anos com a transferência de tecnologia.

 

Na conferência de doadores, a agência de Saúde da ONU alertará de que, sem os recursos, países em desenvolvimento sofrerão perdas milionárias em suas economias, além de um colapso no sistema de atendimento. O alerta que seguiu aos governos é ainda de que "milhões" de pessoas morreriam nos próximos anos nesses países mais frágeis se vacinas e medidas de controle não forem adotadas.

 

A OMS, apesar de organizar a reunião da sexta-feira, admite que pode não conseguiu reunir nem metade desses recursos. Países ricos tem outras prioridades nesse momento e a recessão mundial também é um obstáculo. O recado da OMS aos governos será de que a pandemia envolve a todos e que a contribuição dos países ricos será fundamental para garantir que o vírus H1N1 seja freado.

 

O documento enviado aos governos foi preparado à pedido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. O cenário que o estudo mostra é de um "desastre" nos países mais vulneráveis e pede ações imediatas. Segundo a OMS, países com problemas para lidar com a aids, malária e tuberculose serão os que mais precisarão de ajuda para também atender pessoas com a gripe suína. Sem uma contribuição externa, esses países poderão ser duramente afetados pela gripe.

 

No total, a OMS estipulou que os recursos iriam para 75 países, dos quais seis na América Latina. Isso inclui Cuba e Bolívia. Do total que a ONU pede, mais de dois terços seria usados para a compra de antivirais e vacinas para proteger funcionários de hospitais e outros profissionais considerados como essenciais para a manutenção dos serviços em um país. O restante iria para campanhas de vacinação e para melhorar a situação de laboratórios em 61 países.

 

Butantã

 

O porta-voz da OMS, Gregory Hartl, afirmou que a entidade continuará a colaborar com o Instituto Butantã, mesmo diante do afastamento do diretor Isaías Raw e dos problemas enfrentados pelo centro brasileiro. A OMS conta com o Butantã para garantir que a América Latina tenha garantido o suprimento das vacinas contra a gripe.

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