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Pelo menos 50 mulheres prestaram depoimento contra médico

O assédio teria ocorrido enquanto as pacientes estavam desacordadas ou desacompanhadas dos maridos

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Por Redação
Atualização:

O médico Roger Abdelmassih, preso pela polícia nesta segunda-feira, 17, e dono da maior clínica de reprodução assistida do País, havia sido indiciado pela polícia em junho, sob a acusação de estupro e atentado violento ao pudor contra pacientes. Caso o médico seja denunciado e condenado, as penas para os crimes contra cada uma das mulheres serão somadas. As penas para atentado violento ao pudor e estupro variam de 6 a 10 anos de prisão.

 

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A investigação sobre Abdelmassih veio a público em janeiro. Desde então, pelo menos 50 mulheres prestaram depoimento acusando Abdelmassih de assédio durante procedimentos médicos.

 

O assédio teria ocorrido enquanto as pacientes estavam desacordadas ou desacompanhadas dos maridos. As denúncias incluem desde casos em que Abdelmassih teria agarrado as pacientes e tentado beijá-las à força, até insinuações de abusos sexuais praticados enquanto as pacientes estavam sedadas na clínica. Abdelmassih nega contundentemente todas as acusações.

 

Também em janeiro, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) condenou o médico por infração ao artigo 98 do código de ética médica, que trata de relacionamentos indevidos com laboratórios farmacêuticos e farmácias. O processo começara em 2002, após denúncia de uma paciente que também levou ao conselho o caso de uma suposta violência sexual, que teria ocorrido em 1997, acusação arquivada por falta de provas.

 

As suspeitas de má conduta sexual que pesam sobre o médico são anteriores à formalização das denúncias e da investigação atual: em março de 2008, apareceu na internet um blog chamado "Grupo de Vítimas do Roger Abdelmassih", no qual foram postadas dezenas de denúncias de assédio sexual e conduta antiética contra o médico.

 

A defesa do médico se baseia na argumentação de que, segundo estudos científicos, de 3% a 4% das pacientes que usam o anestésico propofol experimentam "comportamento amoroso" e "alucinações com conotação sexual" quando despertam. O remédio é utilizado por ele para procedimentos que precisam de períodos curtos de sedação.

 

Já dados da agência norte-americana de vigilância de medicamentos (FDA, sigla em inglês) apontam que em menos de 1% dos pacientes que utilizam o anestésico propofol pode ocorrer "comportamento amoroso".

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As pacientes criticaram a linha de defesa do especialista em fertilização. Para o Ministério Público de São Paulo, as alegações do médico eram fantasiosas e serviam para causar constrangimento às supostas vítimas.

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