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Pesquisa usa ‘célula camaleão’ no coração

Projeto que estuda células capazes de virar diferentes tecidos terá US$ 2,4 mi da Fapesp

Por Paula Felix
Atualização:

SÃO PAULO - Um projeto que estuda o uso de células capazes de se transformar em diferentes tecidos para a recuperação do músculo cardíaco de pacientes que enfartaram foi o primeiro selecionado para receber um incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio de uma nova parceria firmada entre a entidade e a MedImmune, unidade de pesquisa da farmacêutica AstraZeneca.

O acordo prevê o repasse de até US$ 2,4 milhões para projetos que serão conduzidos por até 36 meses.  "A gente fica muito feliz, porque isso faz parte da vida do pesquisador. O ambiente de pesquisa é competitivo. É muito importante que as pesquisas sejam financiadas. Isso aumenta o nosso conhecimento e as empresas estão percebendo que vale a pena investir em pessoas curiosas”, afirma o autor da proposta vencedora, o pesquisador do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor-USP) José Eduardo Krieger.

José Eduardo Krieger, pesquisador do Incor selecionado para receber apoio da Fapesp e da farmacêutica AstraZeneca Foto: Werther Santana/Estadão

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"A curiosidade de Krieger o levou, ao lado de sua equipe, a combinar diversos conhecimentos da área de cardiologia e sobre as células pluripotentes induzidas – aquelas que se transformam em qualquer órgão – para tentar resolver um drama dos pacientes que enfartam: a destruição do tecido cardíaco, que pode levar a pessoa a precisar de um transplante.

“Seria ótimo pegar essas células para reconstrução cardíaca. Há uma dificuldade muito grande de regeneração do coração e do sistema nervoso.”

Camaleão. Em laboratório, o pesquisador já consegue levar células da pele a um estágio que ele chama de “célula camaleão”, que é capaz de se comportar como uma célula cardíaca. “Ela até bate como o músculo cardíaco. O desafio é pegar essas células, que podem ser originadas do próprio paciente, e criá-las em grande quantidade. Também precisamos definir como usar no paciente, para que as células façam as conexões adequadas com o músculo.” 

Krieger acredita que, no prazo estipulado pelo edital, pode ser possível dominar a técnica para detectar o exato instante em que as células podem ser inseridas nos pacientes. 

Segundo o presidente da Fapesp, José Goldemberg, a parceria prevê a contemplação de outros projetos até 2020. “Vamos lançar chamadas periódicas e identificar os pesquisadores criativos”, disse.

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