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Pesquisadores descobrem fóssil do maior rato do mundo no Timor Leste

Animal de 6 kg viveu há 1,5 mil anos; cientistas encontraram ossos de 11 roedores desconhecidos

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Por Redação
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SÃO PAULO - Os pesquisadores Ken Aplin, do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization, na Austrália, e Kris Helgen, do Smithsonian Institution, nos Estados Unidos, encontraram em um sítio arqueológico no Timor Leste ossos de um rato que teria pesado 6 quilos, o que seria o maior animal dessa espécie de que se tem notícia até hoje. Análises feitas pelos cientistas indicaram que o rato de 6 quilos - do gênero Coryphomys - viveu até cerca de 1,5 mil anos atrás, no mesmo período que a maioria dos outros 12 roedores descobertos. Os maiores ratos vivos atualmente chegam a 2 quilos e vivem em florestas nas Filipinas e na Nova Guiné. Ao todo, a dupla escavou no Timor Leste ossos de 13 roedores, 11 dos quais até então desconhecidos pela ciência. Apenas uma das espécies encontradas na escavação sobrevive até hoje. O estudo foi publicado na edição de julho do Bulletin of the American Museum of Natural History. “O leste da Indonésia é um hotspot da evolução de roedores e exige maior atenção de esforços de conservação. Esses animais respondem por cerca de 40% da diversidade de mamíferos no mundo e são elementos-chave dos ecossistemas, importantes para processos como manutenção dos solos e dispersão de sementes. Manter a biodiversidade entre ratos é tão importante como proteger aves ou baleias”, disse Aplin. “A ilha do Timor é habitada há mais de 40 mil anos, e as pessoas caçaram e se alimentaram de roedores durante esse período, mas as extinções não ocorreram até recentemente”, disse Aplin. “Achamos que as pessoas viveram sustentavelmente no Timor até cerca de mil a 2 mil anos atrás. Isso indica que extinções não são inevitáveis quando pessoas chegam a uma ilha qualquer. A abertura de grandes áreas de floresta para a agricultura provavelmente causou as extinções, e isso apenas foi possível após a invenção de ferramentas de metal”, afirmou o pesquisador. Em cada uma das ilhas do leste da Indonésia, segundo o estudo, evoluiu um conjunto único de ratos. Aplin também encontrou seis novas espécies de roedores em uma caverna na ilha de Flores. A ilha do Timor (que reúne Timor Leste e Oeste) tem poucos mamíferos nativos, como morcegos e roedores. Boa parte do país atualmente é árida, em contraste com as florestas tropicais do passado. Mas os cientistas acham que, ainda assim, há espaço para novas descobertas. “Embora menos de 15% da cobertura de floresta original do Timor permaneça, partes da ilha ainda contam com florestas densas. Quem sabe o que pode haver ali?”, perguntou Aplin.

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