Vacinação contra febre amarela em SP começa quinta, com senha em domicílio

No interior paulista, cidades passam a exigir comprovante de residência para quem procura o serviço

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Foto do author Fabiana Cambricoli
Foto do author José Maria Tomazela
Por Fabiana Cambricoli , José Maria Tomazela e Roberta Jansen
Atualização:

RIO, SÃO PAULO E SOROCABA - Após registrar longas filas em busca da vacina da febre amarela, além de casos de desabastecimento, a Prefeitura de São Paulo passará a distribuir senhas nas casas dos paulistanos na próxima fase da campanha de vacinação, que foi antecipada para quinta-feira. Anteriormente, a gestão municipal havia informado que a imunização ocorreria a partir de sexta-feira, por causa do feriado dos 464 anos do Município. No interior, várias cidades também alteraram esquema de imunização.

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+++ Vacinação contra a febre amarela será feita no feriado na capital

A nova fase da campanha, que terá somente doses fracionadas, tem como objetivo imunizar os moradores de 16 distritos com prioridade nas zonas leste e sul da capital. Ao contrário do que vinha ocorrendo até agora, não serão distribuídas senhas nas unidades de saúde.

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Agentes comunitários de saúde e integrantes de associações de bairro passarão nas casas dos paulistanos dessas regiões entregando as senhas. O morador poderá escolher entre dois ou três dias diferentes para receber a imunização. “Ao longo da campanha, que vai de 25 janeiro a 24 de fevereiro, iremos distribuir progressivamente as senhas para, assim, não ter necessidade de formar filas”, declarou nesta segunda-feira, 22, o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara.

+++ MP investiga falta de vacina contra febre amarela nos postos de SP

As senhas começarão a ser entregues hoje. O site da secretaria trará a lista de endereços por onde os representantes da gestão passarão naquele dia, entregando. Caso o morador não esteja em casa no momento da passagem do agente, poderá procurar a Unidade Básica de Saúde de referência de seu bairro, com comprovante de endereço, para ser imunizado.

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Os paulistanos que não moram nesses 16 distritos, mas que vão viajar para área de risco, deverão procurar uma das 17 unidades de referência em saúde do viajante para tomar a vacina. “Pedimos que somente quem vai para área de risco procure essas unidades. Se houver um afluxo muito grande de pessoas, vamos passar a exigir comprovante de viagem”, alertou o secretário. Nessas unidades, será oferecida a vacina fracionada para quem tiver viagem marcada para dentro do Brasil e a dose padrão para os viajantes internacionais.

Na zona norte, onde todos os postos de saúde até agora estão oferecendo a vacina, a oferta do imunizante passará a ser restrita a poucas unidades, somente para os moradores que ainda não foram protegidos. Nesses casos, não haverá distribuição de senha nas residências.

Também nesta segunda a Prefeitura apresentou o cronograma atualizado de vacinação de toda a população. Após finalizar a campanha nos 16 distritos das zonas sul e leste, a secretaria fará outras três fases de imunização, nos meses de março, abril e maio. Em cada uma, a previsão é vacinar cerca de 2 milhões de pessoas. A previsão do secretário é de que todos os paulistanos estejam imunizados até o meio do ano.

Interior

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

A corrida aos postos de saúde fez prefeituras de municípios do interior também estabelecerem novas regras para a imunização. Depois que um morador de 48 anos morreu, na madrugada de domingo, 21, com suspeita de febre amarela, Jundiaí decidiu exigir comprovante de residência para quem procura os postos. A mesma medida foi anunciada pelo município de Atibaia, onde um homem de 35 anos morreu na quinta-feira com sintomas da doença. As duas mortes são investigadas e o resultado dos exames devem sair em até dez dias. Outras sete cidades da região, incluindo Campinas e Piracicaba, passaram a exigir comprovante de residência para aplicar a vacina. Em todas há filas nos postos.

Os municípios justificam a medida alegando estar recebendo muitos moradores de outras cidades. Já o Ministério da Saúde informou que Estados e municípios têm autonomia para organizar a distribuição e a aplicação, conforme os critérios de prioridade definidos pela pasta. 

O prefeito de Mairiporã, Antonio Aiacyda (PSDB), estará em Brasília hoje para pedir ao Ministério da Saúde auxílio no combate à doença. A cidade mais afetada pela febre amarela até agora já restringiu a oferta de vacinas a quem não é do município. 

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“Apesar de termos atingido 100% da cobertura vacinal, ainda estamos com dificuldades. Precisamos de auxílio de órgãos superiores. Por isso vou à Brasília solicitar apoio”, disse o prefeito. Mairiporã já registra 41 casos e 14 óbitos pela doença desde janeiro do ano passado.

Sangue em troca de vacina

O Instituto Estadual de Hematologia do Rio (Hemorio) começou nesta segunda a oferecer uma dose da vacina contra a febre amarela a quem for doar sangue na unidade. No Estado, morreram mais duas pessoas, totalizando sete óbitos em 2018.

Doadores de sangue lotaram o Hemorio no primeiro dia de campanha de vacinação contra a febre amarela Foto: Hemorio (@hemorio)/Twitter

Vacina fracionada vale por até 8 anos

Perguntas & respostas

1. Como a doença é transmitida?

Pela picada de mosquitos portadores do vírus. Em regiões de campo e floresta, o principal mosquito transmissor é o Haemagogus. O vírus também pode ser transmitido pelo Aedes aegypti, na forma urbana da doença. Casos de transmissão urbana, no entanto, não são registrados desde 1942. 

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2. Quais são os sintomas?

A doença, que não é transmissível, provoca calafrios, dor de cabeça, nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Os primeiros sintomas aparecem de três a seis dias depois da infecção. Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem a forma grave da doença, cujo índice de letalidade fica próximo de 50%. 

3. Quais são as reações possíveis à vacina? Ela deve ser tomada por todos?

Efeitos colaterais da vacina são raros. O imunizante é contraindicado para crianças menores de 6 meses, pessoas imunossuprimidas e com reação alérgica a ovo. Idosos acima dos 60 anos, gestantes, pessoas portadoras do vírus HIV ou com doenças hematológicas devem passar por avaliação.

4. Já sou vacinado. Preciso repetir a dose?

Segundo a OMS e o Ministério da Saúde, estudos mostram que uma só aplicação é capaz de dar imunidade por toda a vida.

5. E se vier a tomar a dose fracionada? Ela é segura?

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Sim, ela tem a mesma eficácia da dose integral, mas protege por até oito anos, segundo o ministério.