FRANCA - Uma carta aberta redigida por professores de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e divulgada nesta quarta-feira, 16, defende a liberação do canabidiol, substância encontrada na maconha. No documento, que foi encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o grupo afirma que o canabidiol possui grande potencial terapêutico neurológico.
A Anvisa analisa atualmente a possibilidade de liberação da substância no Brasil. Por enquanto, os medicamentos com canabidiol podem ser usados apenas com autorização especial e precisam ser importados. A liberação começou a ser debatida em maio e deve voltar a ser discutida no final deste mês.
Na carta, o grupo de pesquisa que estuda o canabidiol desde os anos 70 argumenta que durante esse período constatou sua importância. A substância, também chamada CBD, é natural e pode ser extraída da planta Cannabis sativa, a maconha. Segundo os especialistas, algumas companhias farmacêuticas já produzem extratos de cepas da planta ricas na substância e com altos níveis de pureza.
Eles contam que desde os primeiros estudos com o canabidiol, em humanos, sabe-se que ele não produz os efeitos psicoativos típicos da planta.
Segundo o documento, a substância tem efeitos com enorme potencial terapêutico: antiepiléptico, ansiolítico, antipsicótico, neuroprotetor, anti-inflamatório e em distúrbios do sono, entre outros. "Em face dessas considerações, estamos certos que não se justifica a permanência do CBD na lista de medicações proscritas."
A carta é assinada pelos professores doutores Antonio Waldo Zuardi, José Alexandre de Souza Crippa, Jaime Eduado Cecílio Hallak e Francisco Silveira Guimarães, todos eles da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.
Precedente. Em abril a Justiça brasileira autorizou pela primeira vez a importação de um medicamento com a substância. Apesar de proibida no Brasil, ela é legalizada nos Estados Unidos e foi autorizada para o tratamento de uma menina de 5 anos. Um juiz federal de Brasília se baseou nos pareceres dos professores da USP para autorizar o uso do remédio.