‘Provedor está tentando jogar a culpa em mim’, diz ex-superintendente da Santa Casa

Ele critica medidas tomadas por Kalil Rocha Abdalla e diz que ele deveria deixar cargo

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

Superintendente da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo por 24 anos, Antonio Carlos Forte, de 68, deixou o cargo em setembro, em meio à crise financeira da instituição, e foi apontado pelo provedor, Kalil Rocha Abdalla, em entrevista ao Estado, como o responsável por supostas falhas na gestão. Forte desmente Abdalla e afirma que o provedor participava de todas as decisões da entidade. Diz ainda que Abdalla fez uma “bobagem” ao fechar o pronto-socorro em julho e, agora, tenta usar o ex-superintendente como bode expiatório.

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O provedor tinha acesso aos detalhes dos contratos? Ele participava das decisões?

Eu despachava com ele todos os dias e levava todas essas coisas importantes. Não tinha nada que ele não soubesse. Eu trabalhei com cinco provedores e nunca tive problema. O provedor é o responsável legal da Santa Casa. Eu era um delegado do provedor. Ele que assinava todos os contratos externos à Santa Casa.

Eram detalhados os custos? Ele tinha acesso a isso?

Ele tinha na negociação.

Ele participava da negociação?

Algumas, participava. Na lavanderia, ele participou das negociações, era um grupo estrangeiro inclusive, ele sentava na mesa com os dirigentes da empresa. O contrato da Vivante (limpeza), a mesma coisa, ele participou como assessor jurídico. Ele acumula cargos, então ele tem de saber das coisas. Ele é provedor, procurador jurídico e mordomo do patrimônio imobiliário. Tem de saber porque, quando vou fazer os contratos grandes, tem de passar pelo jurídico. Como o senhor viu a declaração dele ao 'Estado' de que não sabia detalhes dos contratos?

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Um absurdo. Ele está numa situação muito ruim na Santa Casa. Ele fez uma burrice, uma besteira catastrófica, porque quis aparecer ao fechar o pronto-socorro. E uma grande parte da Mesa Administrativa quer que ele saia. Então, agora, ele está tentando jogar a culpa em cima de mim.

Antonio Carlos Forte Foto: Rafael Arbex/Estadão

O fechamento do PS era realmente necessário?

Lógico que não. Ele fechou o pronto-socorro para fazer uma chantagem com a Secretaria (Estadual da Saúde). No dia anterior, ele teve uma reunião com os membros da Provedoria e não falou nada. No dia seguinte, fechou o pronto-socorro.

O senhor estava de férias?

Sim, estava fora do Brasil. Se eu estivesse lá, ele não fechava. Se aproveitou da situação.

O que causou o aumento do endividamento da Santa Casa nos últimos anos? A Secretaria da Saúde diz que a entidade recebia mais do que produzia.

Recebia mais, assim como todos os hospitais recebem mais do que produzem porque, além da tabela do (Sistema Único de Saúde) SUS, a Santa Casa tem outras verbas, outros custos. As organizações sociais estavam dando prejuízo. O problema do SUS vem se agravando. A Santa Casa não é um hospital no Brasil que está mal, a saúde está muito mal.

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Então não acha que houve problemas de gestão?

Tenho certeza que não. Não teve irregularidade nenhuma em contrato. Todos os contratos eram extremamente vantajosos para a Santa Casa. 

O senhor acha que o provedor deveria sair?

Sim, porque ele perdeu o controle da Santa Casa.

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