Remédio contra obesidade sem efeitos colaterais é eficaz em ratos

Droga reduziu gordura e açúçar no sangue das cobaias e é uma versão melhorada do Acomplia

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Por Redação
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CHICAGO - Um remédio semelhante ao Acomplia, droga da farmacêutica Sanofi-Aventis tida como promessa na redução de peso, ajudou ratos obesos a perder peso e diminuir o açúcar e as gorduras no sangue, sem causar efeitos colaterais psicológicos, disseram pesquisadores americanos nesta segunda-feira, 26. Como o Acomplia, a droga mira os receptores canabinoides, ativados após o consumo de substâncias como a maconha, mas a equipe fez com que o composto atravessasse o cérebro dos ratos, reduzindo o risco de depressão, ansiedade e outros problemas neurológicos observados no Acomplia. Apesar de os ratos obesos não perderem tanto peso com esse novo composto, ele foi tão eficaz quanto o Acomplia na redução de alterações metabólicas ligadas à obesidade, segundo divulgaram pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) e da Universidade Northeastern, em Boston, no Journal of Clinical Investigation. "Ele causa perda de peso menor que o outro composto, o que não é o único problema da obesidade", disse por telefone o Dr. George Kunos, do NIH, em Bethesda, Maryland. A obesidade se tornou uma epidemia nos Estados Unidos, levando a um enorme aumento da diabete e a uma série de problemas de saúde relacionados. Mas muitas drogas potenciais para perda de peso falharam ou foram suspensas por questões de segurança. Acomplia teve de ser retirado do mercado depois que foi ligado a várias mortes e centenas de reações adversas na Grã-Bretanha. A droga, conhecida genericamente como rimonabant, nunca foi aprovada nos Estados Unidos, após um painel de peritos rejeitá-la em meio a temores de que poderia causar pensamentos suicidas. Rimonabant tem como alvo a proteína CB1R, mesma molécula que controla os efeitos da maconha. CB1R está presente no cérebro, em órgãos como fígado e pâncreas, e nos tecidos adiposos. Kunos e Alexandros Makriyannis, da Universidade Northeastern, testaram uma droga mais seletiva que bloqueia o CB1R apenas em órgãos periféricos, mas não consegue entrar no cérebro. Os pesquisadores constataram que os ratos que ficaram gordos por comer demais perderam 12% da gordura corporal com essa nova fórmula, em comparação com 21% nos ratos que tinham tomado Rimonabant. Mas Kunos disse que os outros efeitos - redução de gorduras no sangue que podem causar doenças cardíacas e diminuição do açúcar no sangue, que pode desenvolver o risco de diabete - foram sobre os mesmos com as novas e as antigas drogas. Kunos afirmou que a droga não teve efeito sobre ratos mutantes que haviam sido obesos, porque eles não tinham o hormônio de supressão do apetite leptina. "Ratos e humanos obesos perdem a sensibilidade à leptina. Esse medicamento restaura a sensibilidade", disse Kuns. Segundo ele, o próximo passo é fazer testes para ver se a droga é tóxica em seres humanos. Eventualmente, a esperança é que o medicamento seja testado como um novo tratamento antiobesidade.

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