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Repasse de R$ 3 milhões mantém pronto-socorro aberto por 30 dias

Segundo secretário estadual da Saúde, David Uip, período será suficiente para realização da auditoria nas contas da Santa Casa 

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli e Felipe Resk
Atualização:
Apesar de reaberto, pronto-socorro da Santa Casa registrou um movimento bem abaixo do normal Foto: Felipe Rau/Estadão

SÃO PAULO - O repasse emergencial de R$ 3 milhões feito pela Secretaria Estadual da Saúde para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo será suficiente para manter o pronto-socorro aberto por um período de 20 a 30 dias, tempo em que a auditoria nas contas da unidade deverá ser finalizada. A previsão foi feita pelo secretário estadual da Saúde, David Uip, nesta quinta-feira, 24, em entrevista à Rádio Estadão, e confirmada pelo provedor da instituição, Kalil Rocha Abdalla.

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O pronto-socorro da unidade ficou fechado por 30 horas entre terça e quarta-feira por falta de recursos para a compra de materiais e medicamentos. A entidade afirmou que uma dívida de R$ 50 milhões com os fornecedores de insumos a impediu de abastecer seus estoques.

“Vinte a 30 dias é o tempo que eu acho que nós vamos precisar para adiantar essa avaliação, que é uma avaliação pró-ativa na tentativa de melhorar a gestão da Santa Casa”, disse o secretário. Somente após a análise das contas é que a pasta vai autorizar o repasse de mais verbas emergenciais.

Na quarta-feira, Uip divulgou dados mostrando que a Santa Casa recebia repasse acima do divulgado pela instituição. Segundo o secretário, são R$ 34 milhões mensais vindos dos governos federal e estadual, 2,6 vezes a mais do que o recebido pela tabela SUS. Quando anunciou o fechamento do pronto-socorro, a entidade havia dito que o repasse governamental era de R$ 20 milhões mensais.

Nesta quinta, o provedor afirmou ao Estado “fazer questão” da auditoria. “Eles colocaram em xeque a gestão, então, agora, quero meu atestado de capacidade e honestidade.” Abdalla disse que as contas estarão disponíveis para o governo, mas que não serão abertas, por enquanto, para a imprensa.

Ainda não foi marcada uma data para o início da auditoria. A Secretaria Estadual da Saúde disse que espera a indicação dos nomes dos representantes dos governos federal e municipal. Um integrante do Ministério Público também será convidado a participar.

Segundo membros da diretoria da Santa Casa, a análise das contas deverá ser iniciada na semana que vem.

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Acusações. As trocas de farpas entre os governos estadual e federal continuaram. A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde reiterou as declarações dadas pelo ministro Arthur Chioro na quarta, de que a Secretaria da Saúde havia deixado de repassar cerca de R$ 74 milhões de dinheiro federal para a Santa Casa entre 2013 e 2014. Pela manhã, Uip chegou a declarar que estava apurando o erro.

No início da noite, porém, a pasta estadual divulgou nota afirmando que o cálculo do ministério estava errado e que “está rigorosamente em dia com a entidade e não deixou de repassar um centavo sequer dos recursos do SUS encaminhados pelo Ministério da Saúde”.

De acordo com a secretaria, “o que o ministro tenta fazer, de maneira errônea, é dizer que São Paulo deixou de pagar dois tipos de incentivos federais, no valor anual de R$ 36 milhões cada, mas que na verdade foram incorporados ou adicionados ao valor pago pelos atendimentos de média e alta complexidades da Santa Casa, por determinação do próprio Ministério”.

A pasta disse ainda que o ministro errou “ao multiplicar por dois cada um desses valores, já que o dinheiro repassado ao Estado é um só.”

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Após a divulgação da nota, o Ministério da Saúde se limitou a divulgar o mesmo posicionamento, em que reitera que houve erro no repasse. 

Demanda baixa. No primeiro dia de atendimento normal após ficar fechado por 30 horas, o Pronto-Socorro da Santa Casa registrou movimento abaixo do normal nesta quinta-feira.

Segundo a assessoria de imprensa da instituição, das 22h de quarta, quando o serviço foi reaberto, até as 16h15 desta quinta, o local havia atendido 158 pessoas (8,7 por hora). Isso representa pouco mais que a metade da média em dias normais, quando a unidade recebe 360 pacientes a cada 24 horas.

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Com poucos pacientes na recepção do PS, o operador de máquina Flávio Oliveira, de 38 anos, conseguiu sair da Santa Casa em menos de meia hora após tratar o incômodo nos olhos que sentia. “O atendimento foi muito bom”, disse.

Os exames e cirurgias eletivas também voltaram a ser feitos normalmente. “Quando soube que tinham parado de atender algumas pessoas, fiquei preocupada”, diz a dona de casa Maria Aparecida Santos, de 63 anos, que trouxe o neto, Ricardo de Jesus, de 8 para um exame de sangue. 

Menos sorte teve Ângela Cristina, de 57 anos, que há um ano não consegue receber o resultado de uma tomografia do braço e da mão. Ele sairia na quarta, mas, por causa da paralisação, Ângela não conseguiu entrar na unidade e perdeu uma consulta marcada há seis meses por não ter o resultado.

Segundo a Santa Casa, os pacientes que tinham exame marcado durante a paralisação podem fazê-los até uma semana. As cirurgias eletivas serão remarcadas. O hospital vai analisar caso a caso para redefinir a agenda.

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