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Santa pode ter morrido de um defeito cardíaco congênito

Italiana Rosa de Viterbo, do século 13, teria poderes milagrosos para ressuscitar os mortos

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Por Redação
Atualização:

LONDRES - Para milhares de católicos, a santa italiana Rosa de Viterbo, que viveu no século 13, tinha poderes milagrosos que a permitiam trazer os mortos de volta à vida e sobreviver às chamas de uma pira.

 

Ao investigar o coração mumificado da santa, cientistas agora descobriram que ela possuía um defeito congênito no coração que pode ter causado sua morte prematura na adolescência.

 

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Ruggero D'Anastasio, da Universidade G. d'Annunzio, em Chieti, na Itália, e sua equipe analisaram imagens e raios-X do coração preservado, que se parece com uma rocha.

 

Os cientistas imaginam que a santa Rosa tenha morrido em consequência da síndrome de Cantrell, uma doença cardíaca rara, e não de tuberculose, como se imaginava. Os achados serão publicados nesta sexta-feira, 11, no periódico britânico de medicina "Lancet".

 

Para obter os raios-X, D'Anastasio e sua equipe levaram uma máquina portátil ao mosteiro de santa Rosa em Viterbo, próximo a Roma, onde o coração da santa é mantido em um relicário. O coração dela foi mumificado separadamente.

 

D'Anastasio disse que ele e os funcionários do mosteiro estavam particularmente interessados em descobrir o que matou a santa padroeira dos exilados, já que ela tinha apenas 18 anos quando morreu. "Nós encontramos um bloqueio em seu coração que foi provavelmente fatal", disse o cientista, acrescentando que não havia nenhuma evidência de tuberculose.

 

Frank Ruehli, da Universidade de Zurique e do projeto Swiss Mummy (Múmia Suíça) chamou o diagnóstico de "extraordinário". Ruehli não estava ligado à pesquisa da universidade d'Annunzio.

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Ruehli levantou a hipótese de que essa síndrome no coração pode ter dado à santa Rosa um órgão maior ou feito os batimentos ligeiramente visíveis abaixo da pele. "As pessoas devem ter consciência de ela ter sido especial em um sentido médico", disse.

 

Ruehli disse que era impossível saber quão severa a cardiopatia da santa Rosa foi, mas que isso poderia ter reforçado a ligação com seus seguidores se eles realmente reconheciam que havia algo diferente nela.

 

Outros disseram que isso era uma interessante "nota de rodapé", mas que provavelmente não mudaria muito a compreensão dos fiéis sobre santa Rosa ou sobre o defeito cardíaco em si.

 

Howard Markel, diretor do Centro de História da Medicina da Universidade de Michigan, disse que re-examinar múmias deve ser feito apenas em determinadas circunstâncias.

 

"Para evitar que esse seja um jogo macabro, temos de perguntar: 'Isso vai responder a alguma pergunta importante da medicina ou da história?', disse. "Não estou certo de que isso faz", completou Markel.

 

O diretor disse que melhores tecnologias permitiriam aos cientistas investigar como muitas figuras históricas morreram, mas que exumação não é sempre justificável.

 

"Somos obrigados a oferecer-lhes o mesmo tipo de dignidade e de respeito que nós gostaríamos", disse. "Em 500 anos, você quer pessoas cavando seu corpo?", perguntou Markel.

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