MONRÓVIA - A epidemia de Ebola na África Ocidental deixará sequelas na economia dos países afetados, onde os mercados estão se esvaziando, os campos são abandonados e a mineração começa a sofrer.
"É uma catástrofe. Perdemos muito dinheiro", lamentou Alhaji Bamogo, vendedor de roupas no mercado Red Light, o segundo maior de Monróvia, capital da Libéria. "Todo mundo vem comprar comida ou desinfetantes contra o Ebola."
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, anunciou nesta semana um fundo de US$ 60 milhões para os países afetados. "A epidemia de Ebola não é apenas uma epidemia de saúde pública, mas uma crise econômica (...), que afeta muitos setores", alertou.
Quanto mais dure a epidemia, maior será a influência de fatores psicológicos sobre os agentes econômicos, advertem os especialistas.
Segundo Philippe Hugon, diretor do África no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris, na sigla em francês), "o princípio da precaução resultará em uma queda na produção, já que as economias da África Ocidental são altamente dependentes dos grandes grupos para exportar suas matérias-primas".
"Tudo depende se isso é algo temporário ou se a epidemia continuará crescendo ao longo do tempo. Os empresários estrangeiros estão muito preocupados", disse Hugon.
Segundo Hugon, a epidemia pode reforçar "a ideia de que Guiné, Serra Leoa e Libéria são países onde é perigoso para se viver, por causa de doenças como a aids ou o Ebola, e, portanto, para investir neles". Ele acrescentou que o cancelamento dos voos destinados aos países afetados prejudicam o comércio.
Já um estudo realizado pela Moody aponta que "a epidemia pode ter um impacto financeiro direto sobre os orçamentos governamentais através de um aumento dos custos com saúde".
Minério de ferro. A mineradora London Mining, cuja única mina é localizada em Serra Leoa, divulgou prejuízo no primeiro semestre deste ano por causa da queda dos preços do minério de ferro e disse que o surto de Ebola poderia prejudicar a produção no segundo semestre. As ações da companhia caíram 19% na Bolsa de Londres, o maior recuo desta quinta-feira, 21.
O presidente-executivo da London Mining, Graeme Hossie, afirmou que a doença esava começando a afetar as operações da empresa. "Estamos começando a ver, por causa de aspectos como as restrições de viagem e as dificuldades com as cadeias de fornecimento, algumas áreas que nos impedem de sermos totalmente eficazes", disse./AFP E REUTERS