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Um País parado

Quase metade dos brasileiros não pratica nenhum tipo de atividade física. Essa é uma das principais conclusões do Diagnóstico Nacional do Esporte (Diesporte), divulgado pelo Ministério do Esporte, no Rio, na última semana.

Por Jairo Boer
Atualização:

A pesquisa, inédita na América Latina, revela que 45,9% da população de 14 a 75 anos não “se mexe”, ou seja, quase 70 milhões de sedentários. Os levantamento foi feito com 9 mil pessoas em 2013.

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Os números mostram também que as mulheres são menos ativas do que os homens e que a idade piora ainda mais a situação. O ingresso no mercado de trabalho e o início dos estudos são os fatores que, segundo os entrevistados, mais afetam o tempo livre e dificultam a prática de exercícios. O sedentarismo é maior em regiões mais urbanizadas, como o Sudeste.

Na faixa de 15 a 19 anos, quase um terço dos jovens é sedentária. Entre os 65 e 74 anos, esse número alcança dois terços da população. A maior parte das pessoas sabe a importância das atividades físicas, mas admite não se esforçar ou não ter tempo. Na população com menor escolaridade e renda familiar mais baixa, o sedentarismo aparece com maior frequência.

A pesquisa mostra que a maior parte das pessoas faz atividades físicas em espaços abertos, sem instalações específicas. Apenas 12% frequentam academias. Mais de 70% fazem os exercícios sem a orientação de um professor.

O fenômeno não é exclusivo daqui. No Reino Unido, por exemplo, onde a taxa de sedentarismo fica em torno de 17% da população, uma em cada sete pessoas pode ficar um mês sem fazer uma única caminhada de dez minutos.

Lá, o número de “parados” também é maior entre os mais velhos e nos habitantes dos centros urbanos. Os dados são de um relatório do Ministério do Transporte britânico, publicado na última semana pelo jornal Daily Mail.

Ansiedade e depressão. Além dos benefícios claros para o corpo, como redução da obesidade e da osteoporose, melhor controle das taxas de colesterol e da glicemia, a prática regular de atividade física também traz melhoras para a saúde mental e para as emoções.

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Uma pesquisa do Centro de Atividade Física e Pesquisa Nutricional da Universidade Deakin, na Austrália, sugere que ficar muito tempo parado, na frente da TV ou do computador, aumenta a propensão à ansiedade, o que afeta a qualidade de vida.

O trabalho, noticiado pelo jornal Daily Mail, também mostrou uma possível ligação entre sedentarismo e sintomas depressivos. Para os especialistas, ficar horas usando tecnologia, sem se movimentar, causa uma piora no padrão de sono, uma menor interação social e mais problemas como dores e desconforto. Esse ciclo poderia levar a um aumento de transtornos emocionais.

Se quem se mexe, como mostram todos os trabalhos, vive mais e melhor, por que é tão difícil incorporar o hábito ao dia a dia? Que tal desligar o computador, colocar um par de tênis e caminhar por aí?

É PSIQUIATRA

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