Unifesp cancela cirurgias de retina por falta de material

Informação é da chefia do setor de retina da universidade federal; direção da instituição não se manifestou sobre o assunto

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Foto do author Adriana Ferraz
Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Adriana Ferraz , Fabiana Cambricoli e Paula Felix
Atualização:

SÃO PAULO - A chefia do setor de retina da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) disse nesta terça-feira, 27, que todos os procedimentos cirúrgicos de retina serão cancelados por falta de material. Até as 20h30, a Unifesp não se manifestou sobre o assunto.

O problema está sendo causado pela falta de kits com materiais descartáveis para a realização do procedimento, que custa cerca de R$ 1.800 cada, segundo Andre Maia, oftalmologista e chefe do setor de retina. “Nós temos estrutura para realizar 400 cirurgias por mês. A gente fazia entre 250 a 270 por mês. Hoje (terça-feira), recebi a informação de que não tem material para operar. Todas as semanas, recebemos pedidos do Brasil inteiro e, agora, tenho de negar.”

Câmpus da Escola Paulista de Medicina, na Vila Clementino, zona sul da capital paulista Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Maia diz que participou de reuniões com a entidade e a falta de verbas foi o motivo alegado. “Fizemos várias reuniões, mas eles não têm dinheiro”, afirma.

Em junho deste ano, o Hospital São Paulo, que é administrado pela Unifesp, chegou a suspender por um dia cirurgias e internações eletivas - aquelas que não são consideradas emergenciais. O Ministério da Saúde repassou R$ 6 milhões e a Secretaria de Estado da Saúde fez um repasse emergencial de R$ 3 milhões.

O hospital passa por uma séria crise financeira desde o ano passado.

Prejuízo. De acordo com o chefe do setor de retina, os pacientes podem ser gravemente prejudicados com a suspensão das cirurgias.

“Em um descolamento de retina, por exemplo, se a cirurgia for feita hoje, o paciente tem chance de recuperação. Se fizer em três ou quatro meses, ele pode até perder a visão. O procedimento não adianta.”

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Maia diz que, além do descolamento de retina, outros problemas frequentes de pacientes que procuram o setor são retinopatia diabética e a degeneração macular. “É uma situação dramática e não aguento esse tipo de injustiça.”

O Estado entrou em contato com a assessoria da Unifesp por e-mail e por telefone, mas a entidade não respondeu à solicitação de informações.

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