Vacina da dengue será testada em 13 cidades e terá dose única

Última fase de pesquisa do Instituto Butantan será realizada nas cinco regiões do País com 17 mil voluntários

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Por Paula Felix
Atualização:

Atualizada às 21h03

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SÃO PAULO - A vacina contra a dengue do Instituto Butantã, que teve a última fase para testes em humanos liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como revelado nesta sexta-feira pelo Estado, será testada em 13 cidades, incluindo Recife, Manaus, Belo Horizonte e Porto Alegre. São Paulo será o primeiro município a ter as doses. Segundo o instituto, 17 mil voluntários, em todo o País, participarão do processo e a estimativa é de que a vacina esteja até 2017 na rede pública. A dose será única e capaz de proteger contra os quatro tipos de dengue.

O primeiro passo agora será o recrutamento dos participantes, que serão acompanhados em 14 centros de pesquisa. Os trabalhos nas unidades não começarão ao mesmo tempo, e os voluntários serão monitorados durante cinco anos. Na capital, os estudos vão ser realizados na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

'Aedes aegypti' é o transmissor da dengue, do zika vírus e da chikungunya Foto: USDA|Divulgação

“Pelos dados que temos da fase 2, o nível de anticorpos está elevado, o que nos faz pensar que (a eficácia) é muito grande. O tempo (de duração do teste) vai depender de quanto vamos demorar para recrutar, mas muita gente quer participar”, explicou Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantã.

Segundo ele, cartazes com explicações sobre o teste serão colocados nos centros de pesquisa. Pontos avermelhados no corpo e dor de cabeça estão entre os sintomas que podem aparecer em pacientes. Embora a vacina seja produzida com o vírus da dengue enfraquecido, os voluntários não correm o risco de ter a doença.

Por faixa etária. O Instituto Butantã dividiu os testes em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. “Os testes serão feitos da maior para a menor faixa (ou seja, dos idosos para as crianças), o que contribui para a segurança do experimento. Dois terços dos participantes vão receber a vacina e um terço receberá placebo (concentrado que não contém medicamento)”, disse o secretário de Estado da Saúde, David Uip.

O investimento para essa etapa da pesquisa deve superar os R$ 200 milhões, de acordo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve nesta sexta no lançamento da nova etapa. “A fase 3 pode chegar a R$ 270 milhões, porque deve ter um acompanhamento muito rigoroso, envolve um grande número de médicos e as pessoas precisam ter uma análise clínica antes, durante e depois.”

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Produção. Segundo David Uip, uma reunião será realizada na próxima segunda-feira com empresas nacionais e multinacionais para abordar a produção em larga escala da vacina. “Estamos diante de uma vacina estratégica para o País e para o mundo. Se isso se comprovar, a nossa escala de produção tem de ser em nível e perfil mundial.”

Sem dar detalhes, ele afirmou que também há planos para a produção de uma vacina contra o zika. “O instituto já está se preparando para elaborar um protocolo em busca de uma vacina tanto para chikungunya como também para zika vírus.” Apresentado em abril na Anvisa, o pedido foi analisado “em regime de prioridade”, segundo o órgão federal, por se tratar de um tema de relevância para a saúde pública. A solicitação foi feita antes mesmo da conclusão da fase 2 dos estudos, que só aconteceu em junho deste ano.

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