Zika vírus foi descoberto em 1947 em floresta da África

Até pouco tempo, ele não despertava muita atenção de autoridades sanitárias por provocar sintomas leves: febre baixa e coceira

PUBLICIDADE

Por Ligia Formenti
Atualização:
Exame. Vírus da febre é de difícil detecção Foto: REUTERS

BRASÍLIA - O vírus que agora é considerado o suspeito número um do surto de microcefalia registrado no Brasil traz no nome uma referência à área onde foi descoberto, em 1947: a floresta de Zika, na África. Até há pouco tempo, ele despertava pouca atenção de autoridades sanitárias. A pouca preocupação tinha como justificativa suas características. Pacientes com a infecção apresentavam sintomas leves: febre baixa, manchas pelo corpo e coceira. “Até hoje, havia apenas um registro de surto provocado pela zika, em 2007, na Ilha de Yap”, conta o professor da Federal do Rio Grande do Norte, Kleber Luz.

PUBLICIDADE

Na ilha, com 29 mil pessoas, nunca houve uma relação entre a febre e o aumento de microcefalia. “Mas isso não quer dizer nada. O número de pessoas é pequeno. Talvez possa até ter havido aumento, mas não foi perceptível diante do pequeno impacto para a população.”

O vírus é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Uma vez inoculado na pele, ele se multiplica e, passados sete dias, vai para a corrente sanguínea, o período chamado viremia. Há três tipos de zika: o da Ásia, o da África do Leste e África Oeste. Não há um exame de diagnóstico para a zika por meio de anticorpos. 

“É difícil de ser trabalhado, porque a viremia é de curta duração e pouco intensa”, disse Luz. “Há pouca matéria-prima para se desenvolver o exame.” Uma dificuldade que não existe com o vírus da dengue, considerado seu “primo”. “Na chikungunya, a viremia é de 3 dias, mas considerada muito alta.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.