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Um blog sobre câncer de mama

Opinião|Falar: uma grande arma para ajudar no combate ao câncer

Quando pessoas como o apresentador Tiago Leifert ou a jornalista Lilian Ribeiro falam sobre a doença, ajudam a desmistificar o câncer e trazem informação que pode salvar vidas

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Foto do author Adriana Moreira
Atualização:

No último fim de semana, o apresentador Tiago Leifert e sua mulher, a jornalista Daiana Garbin, divulgaram que sua filha Lua, de 1 ano e 3 meses de idade, estava com um câncer raro na retina. No ano passado, a jornalista Lilian Ribeiro abriu o jornal que apresentava na GloboNews explicando que ia se apresentar de uma forma diferente, com um lenço, pois estava em tratamento de câncer de mama. O comentarista e ex-jogador de futebol Caio Ribeiro também abriu o jogo sobre seu linfoma de Hodgkin.

O que esses casos têm em comum, além do câncer? Todas essas pessoas decidiram enfrentar seus medos - da exposição, da doença, do julgamento das outras pessoas - para falar sobre câncer. Hoje, 4 de fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer, posso dizer que essa é uma das maiores formas de combate à doença: colocá-la sob os holofotes.

Tiago Leifert e Daiana Garbin com a filha Lua: segundo eles, ajudar outras crianças a diagnosticar o retinoblastoma ainda em fase inicial foi motivação para falarem da doença em público Foto: Reprodução / Instagram @garbindaiana

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Quanto mais pessoas falam sobre o câncer, mais pessoas têm acesso a informação sobre a doença. É mais fácil cobrar mais políticas públicas para acelerar exames e tratamentos de quem se trata pela rede pública. Quem está em tratamento não se sente uma exceção, um "azarado", e encontra conforto com quem passa pelos mesmos desafios.

Já falei aqui por que decidir falar abertamente sobre meu diagnóstico de câncer de mama e porque estimulo as pessoas a fazerem o mesmo. Ninguém precisa se expor nas redes sociais, logicamente, mas não tratar a própria doença como um tabu faz bem para todos os envolvidos.

Se eu fiz o autoexame que me propiciou descobrir que algo estava errado, foi por causa das campanhas na TV, das amigas que também tiveram câncer e contaram como descobriram, da minha mãe, que se tratou sem perder nunca o bom astral, mesmo nos dias mais difíceis. Quando me descobri doente, pude procurar conforto nessas mesmas pessoas que um dia eu confortei.

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Achei que seria egoísmo da minha parte não retribuir. E a melhor maneira de retribuir é oferecer informação para quem passa pelo mesmo processo.

No próximo mês vai fazer um ano que fui diagnosticada com câncer de mama. Passei por quimioterapia e radioterapia. E conheci muita gente em tratamento, não só de câncer de mama, mas de outros tipos também. Pessoas com quem tive trocas incríveis, que eu ajudei e que também me ajudaram. Recebi dicas, repassei dicas, chorei e enxuguei lágrimas. E estou aqui, com o cabelo crescendo e tomando tamoxifeno (hormonioterapia) pelos próxomos anos.

Lilian Ribeiro postou há poucas semanas que tinha encerrado seu ciclo de quimioterapias. Caio Ribeiro já tem cabelo novamente e está curado de seu linfoma. E espero que, em breve, as notícias sobre a pequena Lua também sejam positivas.

Neste dia de combate ao câncer, todo mundo pode fazer sua parte. Você pode divulgar este texto, por exemplo. Ou qualquer outro que fale sobre a doença. Pode oferecer apoio a alguém, pode participar de consultas públicas, pode cobrar autoridades para oferecer tratamento de qualidade e diagnóstico precoce. Pode doar cabelo e lenços. Pode manter seus exames em dia, já que quanto mais cedo se descobre o câncer, maiores as chances de cura. E pode estimular outras pessoas a fazerem seus exames regularmente também.

Também pode aderir à campanha que a Abrale está fazendo hoje. A ideia é que todos saiam (ou postem uma foto) de lenço para chamar a atenção para o câncer: pode ser na cabeça, no pescoço, como cinto, na bolsa... Use #vadelenco nas redes sociais.

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Deixo aqui alguns a sugestão de alguns perfis no Instagram que não se isentam de oferecer informação sobre câncer. Cada um a seu modo me ajudou nesse período - e pode ajudar você também.

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A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama reúne 70 instituições do país que têm como objetivo ampliar o acesso rápido e adequado ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de mama.

O Grupo de Apoio à Criança e ao Adolescente com Câncer (Graac) tem 30 anos de atuação no combate e cura do câncer em crianças e adolescentes. A jornalista Daiana Garbin realizou esta semana uma palestra no perfil da entidade, junto com a oncologista pediátrica Carla Macedo, sobre o retinoblastoma, o câncer que acometeu sua filha Lua.

Criado pelos médicos Drauzio Varella, Fernando Maluf e Antonio Buzaid, oferece informações sobre câncer, tratamentos e direitos dos pacientes

Oncologista do Hospital Albert Einstein, realiza lives sobre temas relacionados ao câncer e responde questões

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Convivendo com um câncer metastático desde 2011, a Ana Michelle Soares também coordena a Depoimentos e informações sobre câncer feito por pacientes e ex-pacientes

O programa ligado à Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) oferece cursos e oficinas de automaquiagem para mulheres em tratamento


Assim como o Recebe doações de cabelos para fazer perucas e doar para crianças em tratamento

Tem mais perfis para indicar? Conta pra mim lá no Twitter: @adrikka

Opinião por Adriana Moreira

Diagnosticada com câncer de mama em 2021, decidiu criar este blog para falar sobre a doença de maneira leve, direta e com muita informação.

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