A cada 2 minutos, um homem faz cirurgia plástica no Brasil

Nº quadruplicou em 5 anos, chegando a 276 mil em 2014; redução de mamas, lipoaspiração e intervenção na pálpebra lideram

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Por Paula Felix
Atualização:

SÃO PAULO - Em cinco anos, quadruplicou no Brasil o número de homens que se submetem a cirurgias plásticas estéticas, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Entre 2009 e 2014, a quantidade de procedimentos passou de 72 mil para 276 mil ao ano (31,5/hora em média). A redução das mamas (ginecomastia), a lipoaspiração e a cirurgia de pálpebra lideram o ranking de procedimentos mais realizados.

Em todo o País, foram realizadas 712.902 intervenções estéticas somente em 2014 . “Nas cirurgias estéticas, a participação dos homens aumentou de 12% para 22,5%. Esse crescimento é de porcentagem, mas em número bruto é maior ainda. O principal motivo é a mudança cultural, com a diminuição do preconceito. Além disso, no Brasil, a cirurgia plástica é vista como um procedimento popular e o País é uma referência mundial”, explica Luiz Henrique Ishida, diretor da SBCP e coordenador do estudo. O levantamento teve como base dados de 5.800 membros da entidade.

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Ainda entre os fatores que podem ter aumentado a participação masculina no período, Ishida cita a presença de homens mais velhos no mercado de trabalho, o aumento da expectativa de vida do brasileiro, a busca pela juventude e até a influência de relacionamentos com mulheres mais novas. “Em relação ao envelhecimento facial, por exemplo, o olhar cansado é visto como algo ruim no mercado de trabalho. Há pacientes com 70 anos que fazem plástica porque têm vida social mais ativa ou para ficar com aparência mais compatível com a parceira.”

O editor de imagens Leandro Arouca, de 29 anos, tinha as pálpebras caídas e, há pouco mais de um ano, resolveu submeter-se a um procedimento para elevá-las. Ele aproveitou a cirurgia para ajustar outro problema: como estava com gordura localizada, fez uma lipoaspiração. “A pele era um pouco caída nas laterais do olho e isso incomodava para enxergar. Além disso, as pessoas reparavam. Como ia tomar uma anestesia geral, fiz também a lipoaspiração. Eu emagreci e fiquei com ‘pneu’. Por mais que fizesse academia, não resolvia.”

Arouca diz que as conversas com o profissional que fez os procedimentos foram fundamentais para diminuir o preconceito que tinha com as cirurgias plásticas. “O homem já se sente confortável. Com a cirurgia, você deixa de reparar em uma coisa que era um incômodo constante.”

Segurança. Aparência natural e segurança são dois aspectos buscados pelos homens, de acordo com o cirurgião plástico Marcelo Wulkan, que é membro titular da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica. “Eles preferem procedimentos pouco invasivos e querem fazer algo seguro e com resultado natural. Os homens percebem que as mulheres estão se mantendo mais bonitas de forma mais natural e buscam isso também.”

Wulkan diz que, em sua experiência de consultório, notou que muitos homens procuram a plástica no nariz. “Eles percebem que (a cirurgia) não apenas ajuda na autoestima, mas na respiração, quando o paciente tem desvio de septo ou carne esponjosa. O homem tem benefício respiratório e estético.”

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Foi o caso do fotógrafo Carlos Eduardo de Oliveira Grandizoli, de 22 anos, que operou o nariz há dois meses. “Era uma coisa que me incomodava desde quando eu era pequeno. Fiz uma mudança no formato, porque ele era torto e bem grande. Já estou achando muito melhor.”

Tabu. Grandizoli diz que recebeu apoio da namorada e não se arrepende da cirurgia. “Acho incrível esses novos tempos, porque o homem está saindo da zona de conforto e fazer plástica está deixando de ser um tabu.”

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