Abre alas para a criançada

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Por Agencia Estado
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Sinônimo de alegria e diversão, o carnaval também atrai as crianças, que não querem ficar longe da festa que contagia o País. No entanto, alguns cuidados são necessários para evitar acidentes ou contratempos, garantindo apenas boas lembranças da folia de Momo. Confira as dicas de médicos e especialistas. A escolha antecipada da fantasia de carnaval já é motivo de festa entre as crianças, uma vez que a vestimenta e seus acessórios representam o personagem que elas vão interpretar durante a brincadeira do carnaval. Super-heróis, vilões, piratas, índios, animais, bichinhos de estimação, entre outros, são algumas opções, mas, independentemente do personagem, as fantasias devem ser confeccionas em tecidos de algodão, leves, arejados, fáceis de vestir. "Para crianças com menos de três anos, é importante que a fantasia não tenha adereços soltos, como cintos, faixas ou cordões para não provocar a sufocação", orienta a coordenadora nacional da Organização Não-Governamental (ONG) Criança Segura, Luciana O'Reilly. Acessórios como lanças ou detalhes pontiagudos, que podem cortar ou ferir, também devem ser vetados. Segundo O'Reilly, os pais ou responsáveis devem ficar atentos ao risco de sufocamento provocados por lantejoulas, que se desprendem facilmente das roupas, e confetes, que são jogados em grande quantidade. "A supervisão ativa de pais e responsáveis deve ser constante", adverte. A dermatologista Eloisa Vinhena, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP/HU), não recomenda o uso de roupas que tenham como adereços penas ou plumas. Segundo ela, a incidência das alergias respiratórias aumenta quando as crianças inalam as partículas em suspensão no ar. Segundo Eloisa, as roupas e fantasias devem ser lavadas antes do uso, para eliminar qualquer vestígio de produto químico. Roupas com muitos elásticos, botões ou fivelas de metal associadas ao calor e suor podem provocar irritações e reações alérgicas. Acessório preferido entre as crianças, as máscaras de material sintético representam grande risco. "Dependendo da idade da criança, as máscaras não se encaixam direito no formato do rosto e acabam impedindo a respiração", afirma a pediatra Lúcia Ferro Bricks, do Instituto da Criança (ICR) do Hospital das Clínicas, na zona oeste da capital paulista. Além disso, elas podem impedir a visão e provocar excesso de transpiração. O aumento do calor e da produção do suor causado pelo uso inadequado das máscaras podem favorecer o aparecimento da miliária ou brotoeja, aquelas "bolinhas avermelhadas" ou pequenas bolhas na pele. Os elásticos fixadores das máscaras também podem escorregar e ferir o pescoço da criança. Cuidados com cosméticos Item fundamental para compor qualquer fantasia, a maquiagem é motivo de grande preocupação entre os pais. Irritações nos olhos coceira, conjuntivites e até dermatites de contato são os principais problemas causados pelo mau uso dos produtos nas crianças. Já que é quase impossível convencer o pequeno folião dos riscos que a maquiagem pode acarretar, a solução é usar as antialérgicas, especiais para crianças. De acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor da Clínica Eye Care, na zona sul da capital paulista, as crianças são as principais vítimas nesse período. "Após o carnaval é comum o aumento de ocorrências com crianças com alergia ou infecção na córnea.", alerta o oftalmologista. "Diferente do adulto, ela não sabe que não pode coçar os olhos maquiados. Ao fazê-lo, acaba levando toda sujeira, suor e o cosmético para dentro dos olhos, podendo causar infecção da pálpebra e até lesão de córnea", explica. O uso de cosmético indicado para adultos é também um grande vilão. "Crianças não devem, em hipótese alguma, ser maquiada com os produtos de suas mães, correndo sérios riscos de manifestar uma reação alérgica e irritação nos olhos. O ideal são os produtos desenvolvidos especialmente para o público infantil", afirma Neves. O risco também envolve o contágio da conjuntivite - uma infecção que forma uma secreção amarela dentro dos olhos, provocando dor e muito incômodo. Eloisa alerta para os riscos de cosmético com prazo de validade vencido. "Esta é justamente uma das maiores causas de dermatite de contato". Segundo a dermatologista, o ideal é usar o mínimo de maquiagem possível nas crianças, e os cuidados devem ser redobrados ainda na hora da compra: apenas os dermatologicamente testados e/ou hipoalergênicos. Segundo a especialista, a reação alérgica em um criança pode acontecer de forma imediata ou algumas horas após a aplicação do produto. "A pele fica grosseira, vermelha e começa a coçar." Ela orienta que, caso ocorra um inchaço das mucosas, a criança deve ser conduzida imediatamente a um pronto-socorro. Categórico, o oftalmologista faz uma ressalva sobre o uso de maquiagem. "Em ocasiões muito especiais, apenas maquiagem antialérgica e sempre de primeiro uso. Ainda assim, deve-se evitar a região dos olhos." Mas como convencer a criança sobre os riscos dos cosméticos? A pediatra Lúcia Bricks dá uma dica: "As crianças têm os seus 'quereres', mas o papel dos pais é dar o limite, ter o bom senso para negociar", sentencia. Neves destaca também o risco de uma brincadeira infantil muito usada no carnaval: o spray de espuma de neve. "Muitos são feitos à base de álcool ou solvente e podem queimar a córnea se atingirem os olhos". Segundo o oftalmologista, o spray provoca uma reação imediata ao atingir os olhos, que começam a inchar, coçar e ficar vermelhos. Pintura para o corpo Coloridas e cheias de motivos, elas fazem sucesso entre a criançada. Aplicadas no rosto ou em partes dos corpo, as pinturas de carnaval podem camuflar um perigo real, as alergias e dermatites de contato. Vermelhidão, lesões avermelhadas elevadas e firmes, descamação, bolhas, coceira ou e prurido são alguns dos sintomas. A dermatite de contato pode se manifestar nos olhos e sobrancelhas por maquiagem; nas unhas, por esmaltes; nas orelhas e pescoço, por uso de peças de metal; no corpo, por uso de tintas-maquiagem; na face, por perfumes, cosméticos ou inalantes aéreos; entre outros. A dermatologista orienta aos pais a autorizarem a pintura em apenas uma área pequena do corpo da criança, para minimizar o efeito químico do produto. "É importante também que o produto seja de fácil remoção, para não ferir a pele da criança." O inocente esmalte que colore as unhas das "princesas" no carnaval também deve ser adotado com critério. "Ao coçar os olhos, o solvente, composto da fórmula do esmalte, acaba provocando uma reação alérgica na criança", destaca Neves. Nesse caso, o uso de produtos hipoalergênicos também é indicado. Hora do lanche A alimentação das crianças deve ser leve e sem exageros. Em casa evite as frituras e alimentos muito condimentados, que prejudicam a digestão. Para garantir a energia dos pequenos, ofereça alimentos ricos em carboidratos. É o caso de bolachas, pães e torradas integrais e barras de cereal, também ricos em fibra. Nos clubes ou salões, fuja dos alimentos de procedência desconhecida. Normalmente, nesses locais, os alimentos mais acessíveis são também os mais perigosos, como cachorros-quentes, hambúrgueres, salgadinhos ou lanches naturais. A pediatra Lúcia alerta que estes alimentos mal conservados podem estar contaminados com bactérias causadoras das diarréias. "Maionese então é diarréia na certa", adverte. Como precaução, vale levar para o salão uma sacola térmica com água mineral, biscoito do tipo cream cracker, barrinhas de cereais e uma variedade de frutas picadas, que, além de ricas em fibras, vitaminais e sais minerais, são excelentes opções por conterem um elevado teor de água. Hidratação Para manter a energia e saúde do pequeno folião, a hidratação é quesito fundamental neste cenário carnavalesco. "Ofereça muito líquido, principalmente água. Sucos naturais e água de côco também são boas opções, além de sorvete", recomenda a pediatra. Salões ou espaços muito apertados e sem ventilação também favorecem a desidratação. Por isso, entre um intervalo e outro da folia, o cuidado é um só: hidratar! Apesar da prevenção, ao menor sinal de vômitos, diarréia ou dor de cabeça, procure ajuda médica. Aos foliões que vão participar da brincadeira durante o dia ou expostos ao sol, cuidado redobrado com o filtro solar. A exposição solar deve ser evitada entre os períodos das 10h às 16h, respeitando o horário de verão adotado em cada Estado do País. Um chapéu ou qualquer tipo de proteção também é recomendado. Folia com segurança Curiosas e criativas, as crianças não sabem avaliar o perigo, dessa forma, de acordo com a coordenadora nacional da ONG Criança Segura, os pais ou responsáveis devem adotar uma supervisão ativa. Luciana destaca também a importância de vistoriar o local onde a criança vai brincar o carnaval: deve estar fora do acesso de veículos. Em caso de clubes, ela destaca atenção especial para piscinas. "A água exerce uma atração imediata nas crianças. Dessa forma, a piscina do clube deve ser protegida com uma grade de um metro e meio, longe do acesso da criança." As crianças também merecem atenção redobrada para não se perderem dos pais. Como prevenção, antes de sair de casa, os pais devem identificar os filhos com um crachá ou etiqueta que pode ser costurada na própria fantasia ou roupa, informando o nome e o telefone. "Isso pode evitar muita dor de cabeça, caso elas se percam em meio à multidão." Em algumas cidades, a Polícia Militar fornece esse tipo de material gratuitamente. Ainda no quesito segurança, os responsáveis não devem, em nenhum momento, deixar a criança sozinha ou na companhia de estranhos. Se o grupo de crianças for grande, certifique-se que haja mais de um adulto supervisionando. Dicas para cair na folia - Escolha fantasias confeccionadas com tecidos leves, de preferência de algodão, livre de cordões, faixas, ou qualquer tipo de adereços soltos. Em caso de capas de super-heróis ou vilões, certifique-se que elas não ultrapassem a altura da cintura da criança. Assim, não haverá risco do "herói" ou outras crianças tropeçarem ou sofrerem quedas. - Substitua as máscaras por pintura facial. Há no mercado uma variedade de tinta-maquiagem, antialérgica, específica para o uso infantil, que não intoxica nem escorre no rosto em caso de suor. - Balões de látex ou bexiga são um ótimo divertimento para as crianças, mas somente enquanto estão inteiras. Pedaços de bexigas estouradas, se ingeridas, podem sufocar os pequenos, assim, não permita que as crianças encham as bexigas ou coloquem na boca pedaços do látex, depois de estouradas. - A tradicional brincadeira de jogar confetes entre os foliões deve ser monitorada constantemente por um adulto. Crianças pequenas, principalmente, podem se sufocar rapidamente com um punhado de confetes. - Brinquedos sonoros muito altos, como cornetas, apitos, entre outros, podem prejudicar a audição das crianças. Evite. - Nos bailes de salão, não se afaste dos pequenos. Há riscos de a criança se perder em espaços muito grandes e desconhecidos. - Não descuide da hidratação da criança, oferecendo água e sucos enquanto durar a brincadeira. Não espere a criança pedir líquidos. Envolvida na brincadeira, ela esquece de beber água e se desidrata muito rapidamente. Serviço - Renato Neves - Tel.: (011) 3065.2423 - Eloisa Vilhena - Tel.: (011) 3039-9334/9336 - Lúcia Ferro Bricks - Tel.: (11) 3873-1566/1567 - Luciana O'Reilly - Tel.: (11) 3371-2381

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