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Aedes transgênico reduz população de mosquito em Piracicaba

Ao copular com a fêmea selvagem, o macho transgênico torna inférteis as suas crias; cidade foi a primeira do Estado a usar técnica

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:
Os insetos modificados agem sobre a prole das fêmeas de Aedes, impedindo que transmitam a doença Foto: Celso Junior

SOROCABA - As medições no índice de larvas realizadas até o final de novembro mostram que a população do mosquito capaz de transmitir a dengue, febre chikungunya e o vírus da zika é cada vez menor no bairro tratado com o Aedes aegypti transgênico, em Piracicaba, interior de São Paulo. 

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A cidade foi a primeira no Estado de São Paulo a usar o Aedes transgênico para controlar a população do transmissor que, agora suspeito de causar a microcefalia, se transformou no principal inimigo da saúde no Estado. Ao copular com a fêmea selvagem, o macho transgênico torna inférteis as suas crias - os ovos vão gerar filhotes que morrem antes de atingir a idade reprodutiva.

Os gráficos indicam que, desde junho, a taxa média de larvas não viáveis está acima de 50%, ou seja, metade da população de mosquito morre antes de se tornar transmissor dessas doenças. Nas últimas semanas, segundo a prefeitura, esse índice chegou a 70%, ou seja, de cada 100 ovos, 70 não vão gerar filhotes reprodutivos.

A dispersão dos mosquitos geneticamente modificados teve início em abril. Em média, são liberados 800 mil machos por semana - no total já foram liberados quase 23 milhões do chamado Aedes do Bem. Os mosquitos modificados são produzidos pelos laboratórios da empresa Oxitec, em Campinas.

Os gráficos, disponíveis no site da prefeitura de Piracicaba, mostram também que nas últimas semanas houve um aumento contínuo na diferença entre o índice de larvas do Aedes na área controlada, em comparação com áreas próximas não tratadas. De acordo com Guilherme Trivelatto, gerente do projeto, isso ocorre porque os filhotes na área tratada morrem pouco depois da eclosão dos ovos, sem terem sido capazes de se reproduzir. As taxas são medidas por meio de armadilhas distribuídas estrategicamente no bairro Cecap, onde o projeto é realizado.

Marcadores fluorescentes permitem identificar em laboratório os ovos com o gene que inviabiliza a reprodução. “Estamos caminhando para alcançar o objetivo, que é a supressão do transmissor”, disse Trivelatto. A prefeitura tem plano de estender o projeto a outros bairros. A cidade teve epidemia de dengue este ano, com três mortes confirmadas, nas não registrou caso do zika vírus.

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