Afinal, esses alimentos são vilões ou mocinhos?

O ovo faz bem ou faz mal? E o abacate, é gorduroso demais? Segundo nutricionistas, o segredo não é banir alimentos, mas ter uma dieta balanceada

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Por Júlia Belas Trindade
Atualização:

As dúvidas sobre o que é permitido ou não para se ter uma dieta mais saudável ou alcançar objetivos estéticos são constantes. Afinal, pode ou não comer abacate? E ovo? Carne vermelha faz mal? Por causa dos avanços das pesquisas ao longo dos anos, o estigma de “vilão” ou “mocinho” de alimentos específicos muda e causa confusão. “Nada é vilão, nada é mocinho. A gente pode usar tudo. A palavra-chave é o depende”, explica a nutricionista Vivian Ragasso.

Excelente fonte de proteína, é recomendado que os ovos sejam servidos mexidos ou cozidos, evitando assim as frituras Foto: Myriams/Pixabay.com

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Segundo ela, o papel do nutricionista é ouvir e acolher o paciente para ajudar a ter uma vida mais saudável ou alcançar uma meta como, por exemplo, a perda de peso. “Muitas vezes, a gente classifica como vilões ou mocinhos, mas o necessário é uma alimentação saudável, equilibrada e que nos permita sentir prazer eventualmente”, avalia.

E sobre os alimentos em si? O médico Sandro Ferraz, que atende em uma clínica especializada em medicina integrativa, fala sobre o consumo equilibrado de alimentos e que não sejam ultraprocessados. “A primeira dica é descascar mais e desembalar menos. Quanto mais próximo da origem, melhor o valor nutricional.”

Vivian concorda. “É importante ter o conceito de que frutas, verduras e legumes são coisas boas, de que o que vem da natureza a gente deve consumir sem medo. Devemos evitar os ultraprocessados, os processados, aqueles que não nos nutrem de verdade, mas eles também são importantes para saciar o prazer em comer, o prazer social de compartilhar aquele alimento”, diz a nutricionista.

A alimentação, no entanto, não é o único fator importante para quem busca o acompanhamento nutricional. Ela deve ser acompanhada por um estilo de vida mais saudável em outros fatores, como hidratação e sono. “Eu acredito em cinco pilares para esse processo de longevidade: alimentação saudável, suplementação, atividade física, sono restaurador e gerenciamento do estresse”, afirma Sandro Ferraz.

Ele sugere alguns passos para começar a mudar os hábitos alimentares. “Excluir farinha e derivados, além da restrição de açúcar, leite, refrigerante e alimentos congelados, processados e industrializados”, diz. E lembra: “Quanto menos aditivos químicos o alimento tiver, melhor a sua qualidade e valor nutricional”.

Para Vivian, uma alimentação saudável é diversificada, variada, colorida e natural, e eventualmente pode ter um fast-food, um doce ou algo que dê prazer. Ela é contra dizer que o paciente pode ou não consumir algo. Para quem tem algum objetivo em mente, como emagrecimento ou fortalecimento muscular, a principal recomendação da nutricionista é focar nos alimentos com menos aditivos.

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Segundo Vivian, momentos em que se come algo de fora da dieta não devem ser considerados ruins. “Esse conceito de ‘dia do lixo’ acaba sendo ruim porque nada é desperdiçado. É até uma celebração, se eu fiz a minha semana inteira dentro do equilíbrio, agora vou me presentear e comer alguma coisa de que eu gosto. No fim, tudo depende.”

Segundo Sandro Ferraz, o consumidor deve priorizar alimentos de fontes naturais, mas também pode consumir industrializados, caso eles sejam introduzidos na dieta de forma correta. Alguns alimentos, no entanto, ainda causam dúvidas. Confira a explicação do médico sobre alguns eles:

Abacate

É uma fonte de gordura importante, mas é preciso prestar atenção na quantidade consumida (até 100g/dia).

Café

A cafeína está presente em produtos pré-treino, por exemplo, mas deve ter uma dose máxima de três xícaras de café expresso ou quatro de coado por dia. É uma bebida estimulante, então pessoas com ansiedade e depressão devem ter cautela no consumo.

Ovos

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São uma excelente fonte de proteína. Prefira ovos mexidos ou cozidos, evitando a fritura.

Dica: Descasque mais e desembale menos. Quanto mais próximo da origem, melhor o valor nutriciona

Alimentos diet e light

Mesmo sem açúcar (no caso dos diet) ou com calorias reduzidas (nos light), esses alimentos são ricos em gordura e carboidratos. Por serem processados, devem ter menos espaço no cardápio.

Oleaginosas (castanha, nozes, amêndoa, avelã)

São ricas em vitaminas e minerais e uma excelente fonte de gordura. Devem ser inseridas em uma dieta equilibrada, de 30g a 50g por dia.

'Nada é vilão, nada é mocinho.A palavra-chave é o depende', explica a nutricionista Vivian Ragasso Foto: PIXABAY

Tapioca

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A tapioca, em si, é excelente fonte de carboidrato. No entanto, é importante prestar atenção em como ela é recheada, evitando associar a doces, queijos e alimentos processados.

Carne vermelha

É uma excelente fonte de proteínas, mas tem uma ação pró-inflamatória e uma digestão muito lenta. A recomendação é de que seja inserida na alimentação de uma a duas vezes na semana.

Iogurte 

Pode ser uma fonte alimentar nutritiva, mas é importante prestar atenção no tipo de iogurte consumido. Alguns são ricos em açúcar e corantes.

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