Aids depois dos 50 anos tem recorde em São Paulo

Aumento de uso de anti-retrovirais e remédios que prolongam a vida sexual podem ser motivos do aumento

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Por Giovanna Montemurro
Atualização:

Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, por intermédio do Programa Estadual de DST/Aids e da Fundação Seade, mostrou que a proporção de pessoas com 50 anos ou mais, dentro do total de novas infecções pelo vírus HIV, em São Paulo, é a maior da história: 15,06% em 2007. Entretanto, houve queda no número absoluto de casos notificados, de 972 em 2006 para 737 em 2007. A maioria (61,2%) dos infectados com mais de 50 anos são homens.   No ano anterior, o índice ficou em 14,76%. Em 2005, a faixa etária representou 13,58% do total de casos de aids, e, em 2004, 12,62%.   Arthur Kalichman, coordenador adjunto do programa estadual de DST/Aids disse que, embora o aumento não tenha ocorrido no número absoluto de casos, foi constatado o avanço proporcional. "Dentro das pessoas envolvidas na epidemia, houve um claro envelhecimento", afirmou.   Kalichman disse que há três motivos pelos quais isso pode ocorrer. "Primeiro, há uma demora na notificação dos casos devido ao uso mais comum dos anti-retrovirais", afirmou.   "Em segundo, lugar, proporcionalmente os jovens têm se infectado menos. Isso porque é uma geração que se protege mais, que já nasceu com essa necessidade."   E, em terceiro lugar, o coordenador aponta o uso cada vez mais comum de medicamentos como o Viagra. "Os idosos têm uma vida sexual cada vez mais ativa e isso colabora para o risco de exposição", disse.   Na avaliação do médico infectologista e coordenador do Laboratório de Idosos do Hospital Emílio Ribas, Jean Gorinchteyn, a população a partir dos 45 anos é mais vulnerável à contaminação pelo vírus HIV, pois rejeita o uso do preservativo nas relações sexuais. "A camisinha para essa geração que não cresceu com a concepção da aids é um tabu. Já para o jovem, que cresceu com a idéia da aids, é natural."   O principal meio de transmissão do HIV entre os homens de 50 anos ou mais, em 2007, foi a transmissão heterossexual, que representou 65,9% do total de infectados, seguida pelos homossexuais, com 5,6%, e pelos bissexuais, com 4,5%.Entre as mulheres, a categoria de exposição heterossexual chegou a representar 83,6% do total de infectadas.   (Com Ana Luísa Westphalen, da Agência Estado)

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